Durou quatro horas o depoimento que a prefeita de Porto Seguro, Claudia Oliveira. (PSD), e o marido dela, o prefeito de Eunápolis, Robério de Oliveira (PSD), prestaram na manhã desta quarta-feira (08), à Polícia Federal de Porto Seguro. Os dois são investigados na ‘Operação Fraternos’, acusados de integrarem uma organização criminosa especializada em fraudar licitações que causaram um prejuízo de R$ 200 milhões ao cofres públicos. O prefeito de Santa Cruz Cabrália, Agnelo Santos (PSD), que é irmão de Claudia, também faria parte do esquema.
Claudio e Robério chegaram à PF acompanhados do advogado criminalista Maurício Vasconcelos e foram interrogados pelo delegado Alex Sander Dias, da Polícia Federal do Paraná (PR) que tem atuação na Lava Jato. Os dois gestores, segundo o advogado, negaram participação em atos ilícitos e afirmaram que as licitações só eram autorizadas após aval da controladoria e da procuradoria jurídica das prefeituras. Disseram, ainda, desconhecer a relação familiar dos sócios das empresas envolvidas nas fraudes.
O jornal A Tarde teve acesso com exclusividade ao depoimento da prefeita Claudia e do prefeito Robério no inquérito que corre em sigilo e que tenta desvendar como diversas empresas que pertencem ao mesmo grupo econômico – que têm como sócios Ricardo Bassalo e Marcos Guerreiro – tenham participado e/ou vencido licitações nas prefeituras dos três municípios do extremo sul da Bahia.
É o caso da OMG, que é de propriedade da mãe de Bassalo; a Litoral Sul, que é do tia-avô de Guerreiro, ; a TWA/Constante e a Citrino, que é de um irmã e um irmão, respectivamente, de Bassalo; e a Steel, a LTX e a Stars, cada uma delas pertencente a um ex-funcionários da mãe de Bassalo.
No depoimento prestado nesta quarta à PF, os prefeitos Claudia e Robério também não souberam dar maiores informações sobre a empresa Peixoto Santos Terraplanagem. A empresa tem o irmão de Claudia, o prefeito de Santa Cruz Cabrália, Agnelo Santos, como um dos sócios, junto com a esposa dele, Maria Luiza Peixoto Santos. Agnelo depôs na PF na terça, 7.
Repasses – Um dos fatos que intriga a Polícia Federal é que em vários dos contratos assinados pelas prefeituras com as empresas investigadas, parte dos recursos voltava, via contas de terceiros, para a conta bancária da empresa Peixoto Santos.
Mas tanto a prefeita Claudia, de Porto Seguro, como o prefeito Robério, de Eunápolis, disseram desconhecer tal fato, razão pela qual justificaram que não teriam como explicar os repasses. No depoimento ao delegado Alex Sander Dias, os dois gestores municipais negaram, ainda, que tenham “recebido quaisquer valores das empresas vencedoras em licitações” nos respectivos municípios.