Em meio ao agravamento do racha no PSDB sobre a permanência ou não no governo do presidente Michel Temer (PMDB), o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), entregou nesta segunda-feira (13) sua carta de demissão do cargo. No texto enviado a Temer, Araújo agradece a confiança do presidente e afirma que já não há no partido “apoio no tamanho que permita seguir nessa tarefa”. Fora do governo, ele deve reassumir seu mandato de deputado federal por Pernambuco.
A saída de Bruno Araújo da pasta se dá dois dias depois da declaração do senador Aécio Neves (MG), presidente afastado do PSDB e principal fiador da permanência do partido na Esplanada dos Ministérios, de que a legenda sairia do governo “pela porta da frente”. Outra ala do partido, que inclui nomes como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Tasso Jereissati (CE), defende que o partido desembarque do governo o quanto antes.
Na semana passada, Aécio destituiu Tasso Jereissati da presidência interina do PSDB e indicou para o posto o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman. Tasso disputará a presidência da legenda com o governador de Goiás, Marconi Perillo, que tem o apoio de Aécio Neves e seu grupo político. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é visto internamente como uma alternativa de consenso ou terceira via à disputa entre o cearense e o goiano. A escolha será na convenção nacional do PSDB, em 9 de dezembro.
Bruno Araújo ocupava a pasta das Cidades desde que Michel Temer assumiu a presidência interinamente, em maio de 2016. Foi dele o voto decisivo, na Câmara, pela abertura do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Além dele, os outros ministros tucanos na gestão Temer são Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).
Após as votações das denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente, pelos crimes de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa, líderes do chamado “Centrão” da Câmara passaram a cobrar de Temer a saída dos tucanos dos ministérios. Eles condicionam à reforma ministerial a aprovação da pauta econômica do Planalto, sobretudo a reforma da Previdência, em tramitação na Câmara.