Na tentativa de aplacar as críticas e conquistar todo o apoio possível dentro da corporação, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, enviou mensagens para alguns grupos de delegados no Whatsapp. Pelo aplicativo, pediu a ajuda dos colegas para exercer o cargo que já assumiu oficialmente, mas só receberá a confirmação no dia 20, data da transmissão de cargo. Aos colegas, ele disse que, sozinho, não conseguirá fazer nada. E ainda prometeu que a porta de sua sala estaria sempre aberta.
Esse era o teor, por exemplo, do texto encaminhado para o grupo “Sindepol Geral”, de integrantes do Sindicato dos Delegados Federais no Distrito Federal. Fernando Segóvia já foi vice-presidente dessa entidade. “Bom dia meus amigos. Muito obrigado por todas as mensagens de apoio, esperança e fé na missão que terei de desempenhar. Mas sozinho não conseguirei fazer nada”, afirmou o comandante da PF, que continuou: “Conto com o apoio de vocês, meus amigos. Minha sala estará sempre aberta a todos vocês. Grande abraço e um bom final de semana”,
Como resposta, Segóvia recebeu várias mensagens com emojis que mandam beijinhos e outras com desenhos de mãos que aplaudem. Ainda ganhou a promessa de apoio de policiais que estão na fronteira. No desenrolar da conversa, entre desejos de boa sorte, delegados postaram a notícia de que parlamentares querem convocar Fernando Segóvia para falar sobre a própria nomeação. A partir daí, os integrantes do grupo começaram a postar declarações de apoio à nomeação dele para o cargo.
“Qualquer dúvida ou questionamento envolvendo o nome de Fernando Segóvia já deveria ser desconsiderado”, frisou um de seus colegas ao lembrar que ele teve o apoio das principais organizações da categoria. Apoio, entretanto, não significa afinidade. O mesmo carinho não seria esperado em outros grupos de Whatsapp de delegados. No fórum da ADPF, a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), por exemplo, não houve mensagem do novo chefe. Segundo um delegado da corporação, Segóvia estaria brigado com Carlos Eduardo Sobral, o presidente da entidade.
Segóvia, aliás, não era o preferido pelo atual chefe. O ministro da Justiça, Torquato Jardim, defendia o nome de Rogério Galloro, o ex-número dois da PF. Ele ocupava a diretoria executiva. Após a indicação de Segóvia para o cargo, Galloro foi nomeado para a Secretaria Nacional de Justiça, divisão estratégica do ministério comandado por Jardim.
O peso da indicação política na nomeação política de Segóvia — apadrinhado pelo presidente Michel Temer e pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha — causou ruído internamente. Ambos foram alvo da Lava-Jato.
Para tentar diminuir as críticas internas de que poderia contribuir para o freio das investigações, o novo comandante da PF deve fazer uma gestão mais voltada para a corporação. Casado com uma escrivã, a expectativa é que ele valorize as carreiras não apenas de delegado.