O centenário do sacerdote afro-brasileiro e artista plástico Deoscóredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi, que morreu em 2013, foi marcado neste sábado (2), em Salvador, pela cerimônia de tombamento do Ilê Axé Asipá, fundado por ele em 1980, na rua da Gratidão, bairro de Piatã.
Mestre Didi, nascido em 2 de dezembro de 1917, ficou reconhecido mundialmente pela sua produção artística, intelectual e atuação na defesa e preservação da cultura de matriz africana.
Além do tombamento da comunidade religiosa, foi realizada neste sábado a nomeação do “Viaduto Mestre Didi”, equipamento viário construído na Avenida Orlando Gomes, na capital baiana, em frente ao Senai/Cimatec e que recebeu o nome do artista em reconhecimento ao legado cultural que deixou para o estado da Bahia.
Deoscóredes Maximiliano dos Santos (1917-2013), o Mestre Didi, foi escultor e escritor. Morreu aos 95 anos, no dia 6 de outubro de 2013, em Salvador. Na infância, aprendeu a manipular materiais, formas e objetos com as lideranças mais antigas do culto orixá Obaluaiyê. Entre 1946 e 1989, publicou livros sobre a cultura afro-brasileira, alguns com ilustrações de Carybé.
Em 1966, viajou para a África Ocidental e realizou pesquisas comparativas entre Brasil e África, contratado pela Unesco. Nas décadas de 60 a 90, participou de institutos de estudos africanos e afro-brasileiros e atuou como conselheiro em congressos com a mesma temática, no Brasil e no exterior.
Em 1980, fundou e presidiu a Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Asipá, do culto aos ancestrais Egun, em Salvador. Foi coordenador do Conselho Religioso do Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-Brasileira, representando o país em eventos e mobilizações internacionais.
Mestre Didi criou esculturas focadas na representação de deuses e orixás do Candomblé e, com sua obra sacra singular, ganhou expressão internacional.
Mestre Didi é filho de sangue de Mãe Senhora, umas das ialorixás mais importantes da história da Bahia. O artista é também um alapini, mais alto sacerdote do culto aos ancestrais. Sua trajetória e obra são consideradas recriações da herança africana no Brasil.
Foto: Divulgação/Sepromi