O corpo da atriz Tônia Carrero, ícone da TV brasileira, começou a ser velado na tarde deste domingo (4) no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no Centro. O velório, programado para ter oito horas de duração, vai até as 22h . Cecil Thiré, filho único da atriz, chegou ao velório por volta das 15h. Também prestam as últimas homenagens, os netos, bisnetos e amigos da TV e do teatro.
O corpo chegou ao teatro por volta de 13h20. Antes da cerimônia ser aberta ao público, somente a família teve acesso ao interior do prédio. Os portões do prédio foram abertos por volta das 14h15 e um dos primeiros amigos a chegar foi o ator Ney Latorraca. Além de Ney também foram se despedir de Tônia: Nicette Bruno, Beth Goulart, Edwin Luisi, Silvia Bandeira e Antônio Pitanga.
“Ela não era só a atriz bonita, talentosa e amada. Qualquer movimento político que você procure, sempre tinha a Tônia à frente em todas as passeatas. Contra a ditadura, contra a censura. Por coincidência, esses dias achei uma foto que tem todas: Tônia Carrero, Silvia Becker, Odete Lara, Eva Vilma. Elas estavam aqui na frente para a ‘Passeata dos 100 mil’. Ela não é apenas uma grande atriz que a gente perde, a gente perde esse ser humano revolucionário e amado”, afirmou o ator Ney Latorraca.
A atriz Nicette Bruno chegou ao Theatro Municipal por volta das 17h e falou com carinho e saudade da amiga. Segundo Nicete, o Brasil está chorando e relembrou atuações junto com Tônia.
“Nossa estreia foi no filme ‘Querida Susana’. Era estreia minha, dela e do Anselmo Duarte, nos três estreamos juntos no cinema. (…) Eu tive a oportunidade de participar de todos os inícios desse grande ciclo de trabalho dela. Eu gostava muito dela, nós tínhamos um carinho muito especial uma com a outra. Ela foi na estreia do meu teatro em São Paulo, ela foi no meu casamento, estávamos juntas sempre que podíamos. O Brasil está chorando hoje”, disse Nicette Bruno.
A neta Luisa Thiré disse que sua avó era uma pessoa a frente de seu tempo e que lutava por seus direitos. Segundo ela, Tônia Carrero brigou até com familiares para seguir no sonho de ser atriz.
“Ela é de uma geração pioneira, primeiríssima, ao lado de outras grandes damas como Bibi Ferreira, Fernanda Montenegro. A gente aprendeu muito com ela, ela sempre foi muito presente, muito crítica, calorosa e carinhosa com a família. Acho que pro Brasil ela foi um exemplo de mulher batalhadora, que lutou pelos seus direitos, ela começou a fazer teatro numa época que era feio. O pai dela parou de falar com ela quando ela disse que queria ser atriz, queria dançar balé, o pai meio que morreu brigado com ela porque era feio. Ela brigou com tudo que apareceu pela frente e continuou brigando, lutando. Ela era muito ativa dos movimentos políticos, muito à frente do tempo, independente”, disse Luisa.
O neto Carlos Thiré disse que a avó foi uma guerreira até o final da vida.
“É difícil assumir que chegou o dia de me despedir da pessoa mais forte que eu já conheci na minha vida. Ela conseguiu fazer exatamente o que queria da vida dela, com isso ela deixou um rastro de luz enorme. (…) Ela era uma das pessoa mais livres com quem eu já tive contato, essa mensagem fica com uma força incrível. Eu acho que ela já tava merecendo descansar, ela esticou a corda até onde não dava mais. Mas hoje não é um dia de tristeza, hoje é um dia de saudade”, disse Carlos Thiré.