O secretário da Segurança Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa, 42, afirmou em entrevista publicada neste domingo (25) por um portal de notícias que é favorável à legalização da maconha no Brasil como forma de “quebrar” o faturamento das quadrilhas, principalmente em estados do Nordeste.
Para ele, a questão do tráfico de drogas deve ser encarada como uma atividade econômica. “Se eu tiro 80% do faturamento da maconha de uma quadrilha, estou deixando de fortalecer a quadrilha em 80%”, disse à reportagem em seu gabinete em Salvador.
“Muitas pessoas vieram com as experiências do Uruguai, da Holanda, dizendo: ‘Olha! Eles liberaram a maconha, mas não foram capazes de reverter a violência’. É por isso que eu acho que as coisas ainda carecem de estudo acadêmico a respeito de como foram feitas. Mas acho absolutamente louvável que eles tiveram uma ação diferenciada, de não só fazer a repressão, ou seja, fizeram alguma coisa. Na cabeça deles, pensaram: ‘Vamos tratar as pessoas, em vez de ficarmos aqui tratando somente o lado repressivo. Nós temos que tentar. Se eu tenho de 80% a 90% do volume de recursos oriundos da maconha, por que que a gente não pensa numa forma de abraçar esses usuários? Eu não sou a favor da droga, é importante que se diga isso. Eu, Maurício Barbosa, não sou a favor. Mas eu também não sou a favor de que as pessoas continuem morrendo. Policiais continuem morrendo. Os usuários, os dependentes químicos continuem morrendo e não se chegue a uma resolução de absolutamente nada. Não funcionou no Uruguai? Eu não tenho essa resposta. Não funcionou na Holanda? Não tenho dados que nos tragam uma resposta. Então, vamos rever isso aí para ver o que é que pode dar certo. No Brasil, é praticamente crime pensarmos em algo que seja feito diferente disso tudo o que a gente está vendo que não está funcionando”.
Sem mencionar números da pasta, Barbosa diz ver no comércio ilegal de entorpecentes um dos fatores para a explosão de homicídios nas grandes capitais. Crítico às estatísticas sobre violência e segurança pública no país, afirma que tais levantamentos não refletem a realidade de cada estado.
A reportagem solicitou à SSP estatísticas de homicídios e apreensões de drogas durante a gestão de Barbosa, mas não obteve resposta de sua assessoria. A entrevista se deu numa sala com vista para um megacentro de monitoramento que recebe imagens em tempo real das cerca de mil câmeras espalhadas pela capital. Também possui duas imagens de são Jorge para enfeitar o ambiente. “Ele [o santo] me dá proteção”, diz o secretário.
Delegado federal de carreira, Barbosa assumiu a secretaria em janeiro de 2011, na gestão do então governador Jaques Wagner (PT). Antes, entre 2017 e 2010, chefiou a Superintendência de Inteligência da pasta. Filho de um almirante da Marinha, chegou a ser cotado, durante o governo Dilma Rousseff, para assumir a Secretaria Nacional de Segurança Pública, ligada ao Ministério da Justiça.
Durante a entrevista, Barbosa também fez críticas à intervenção federal no Rio de Janeiro dizendo ser uma “medida emergencial” e “que não ataca o problema”.