Alternativas para o modelo de gestão do Carnaval foram discutidas, na manhã desta terça-feira (27), pelos membros da Comissão Especial do Carnaval e representantes do setor: Geraldo Albuquerque (Tinho), diretor da Central do Carnaval e do Bloco Camaleão, e Washington Paganelli, do bloco As Muquiranas. O encontro aconteceu na Sala das Comissões Vereadora Yolanda Pires. No dia 4 abril, às 9h, o colegiado se reúne com o Conselho do Carnaval.
As mudanças na gestão estão sendo discutidas no momento em que tramita na Câmara Municipal a Lei Orgânica do Município (LOM). “Até 2014, o Carnaval era 50% patrocinado pelo setor público. Depois adotou-se o patrocínio privado. Precisamos buscar um modelo que atenda a todas as instituições da festa. Para os blocos afros, por exemplo, é difícil captar recursos do setor privado”, disse o presidente do colegiado, Moisés Rocha (PT). O vereador destacou sua preocupação com o fim dos blocos e, consequentemente, dos camarotes, caso o modelo da festa não seja reavaliado.
“Já detectamos os fatores que levaram à redução do número de entidades que desfilam na festa. Agora é a hora de pensarmos um modelo que nos ajude a equilibrar. Eu sugiro uma gestão compartilhada dos recursos captados pela Prefeitura, pois esse modelo deu muito certo por um lado, mas por outro inviabiliza a captação de patrocínio pelas entidades”, disse Tinho. O empresário disse que as cervejarias não patrocinam mais os blocos, pois não é possível vender seu produto nem no entorno da festa.
“É preciso repensar até que ponto o modelo atual é viável. A partir do momento em que as entidades perderam o patrocínio, a Prefeitura passou a ter que bancar a atração para ela ir para a rua”, pontuou Paganelli. Os empresários destacam a importância da festa para a economia local com números grandiosos, como 150 mil ambulantes, até três mil empregos gerados por blocos de grande porte. “Em qualquer país do mundo se olharia para o trade como importante para a economia da cidade, mas aqui não há essa preocupação com a sua manutenção, pois se tem uma visão reducionista de que o lucro e o negócio são só dos empresários”, declarou Tinho.
Contribuições – O vereador Duda Sanches (DEM) pediu os representantes do trade que se organizem para que as mudanças na LOM tenham relevância e impacto para o setor. “Não é sempre que se tem a oportunidade de alterar uma lei tão importante para a cidade. É preciso que o trade nos dê subsídios e debata internamente o que deve ser mudado para que isso se reflita nas emendas. Eu acho que não precisamos recorrer a caminhos antigos. Podemos inovar, mas para isso é preciso que os empresários nos apresentem pontos práticos e contribuam para a mudança”, disse Duda Sanches.
O líder do governo na Casa, vereador Henrique Carballal (PV), disse que o modelo de patrocínio implementado pela Prefeitura é um sucesso e que para alterá-lo é necessário que se apresente uma proposta consistente. “Eu não vejo como viável uma gestão compartilhada, seguindo o modelo da Parceria Público-Privada (PPA) como o setor sugere, diante da complexidade que essa mudança traz. Há toda uma cadeia produtiva em torno dessa festa e que está padecendo diante da falta de iniciativa e propostas reais”, pontuou o vereador.