A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) arrecadou até agora R$ 8 bilhões em bônus com o leilão de 22 blocos marítimos de exploração de óleo e gás nesta segunda-feira (29), e bateu um novo recorde nas rodadas de concessões (veja mais abaixo os blocos arrematados).
Segundo a ANP, o ágio foi de 621%. No total, 47 blocos marítimos foram ofertados. Os 25 restantes foram para a repescagem, mas novamente não houve interessados.
Segundo a ANP, a etapa de leilão das áreas marítimas teve 13 empresas ofertantes, 11 delas estrangeiras. Destas, 12 saíram vencedores, das quais nove de países diferentes. “A diversidade de operadores junto com a diversidade de áreas arrematadas foram os grandes sucessos deste leilão”, avaliou o diretor-geral da agência, Decio Oddone.
Foram ofertados outros 21 blocos terrestres. No entanto, nenhuma empresa realizou oferta por eles.
Com isso, dos 68 blocos ofertados pela ANP, incluindo marítmos e terrestres, 22 foram arrematados, o que corresponde a 32% do total.
O valor arrecadado até poderia ter sido maior. Na véspera do leilão, decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) tirou da oferta os dois blocos mais valiosos, que representariam 80% da arrecadação desta rodada. Localizados na Bacia de Santos, os blocos S-M-534 e o S-M-645 estão adjacentes à área do pré-sal e, somados, tinha lance inicial de R$ 3,55 bilhões.
Na abertura do leilão, Oddone pediu desculpas às empresas que se dedicaram a estudar os dois blocos retirados do leilão. “Espero que haja oportunidade para que seja feita [a oferta deles] ainda este ano.”
O secretário de petróleo e gás no Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, disse que chegou a ficar preocupado com o impacto da retirada dos dois blocos da Bacia de Santos pelo TCU. “Mas foi a melhor rodada de todos os tempos desde 1999”, afirmou.
Ainda segundo Félix, algumas empresas que se inscreveram para o leilão não chegaram a apresentar ofertas, mas se fizeram presentes para avaliar o setor brasileiro. “Não temos mais uma indústria pungente, mas uma indústria nascente que vai gerar empregos e formar jovens que estão acreditando neste novo momento do mercado de petróleo”.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, considerou o leilão um sucesso, já que a arrecadação estimada em bônus era de R$ 3 bilhões. A estatal arrematou apenas um bloco sozinha, na Bacia Potiguar. Nesta mesma bacia, ficou com outros dois blocos em consórcio com a Shell. No total, a estatal arrematou sete blocos, seis deles em parceria com outras gigantes do setor.
“Olha, certeza (sobre se o leilão poderia se melhor) não existe. Mas certamente as áreas que ficaram tinham boas perspectivas, principalmente em razão dos ágios. Houve disputa grande entre empresas de porte mundial, fortes, de primeira linha, que concorreram e avaliaram essas áreas com boas perspectivas”, disse o executivo, destacando que o leilão seguiu regras usadas no mundo todo.
De acordo com Parente, as previsões de que exploração em águas profundas ainda exercem grande atratividade no mercado de óleo e gás foram comprovadas. “É um setor que continua muito produtivo, mesmo no contexto que se tem hoje no Estados Unidos, em áreas terrestres.”
O Presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Jorge Camargo, também comemorou o saldo do leilão. Segundo ele, o resultado da oferta de blocos marítimos “mostra que o Brasil voltou a ser um dos principais destinos para investidores globais”.
Resumo do leilão da 15ª rodada de concessões da ANP (Foto: Reprodução/YouTube/ANP)
A 15ª rodada de licitações ofertou blocos marítimos do pós-sal, disputados por 17 empresas – entre elas gigantes mundiais do setor como as norte-americanas Chevron e ExxonMobil, a anglo-holandesa Shell, a francesa Total.
O leilão ocorre 6 meses depois da última rodada, quando foi batido o último recorde de arrecadação: R$ 3,8 bilhões. Nesta tarde, a ANP vai leiloar 21 blocos terrestres. O leilão ocorre no regime de concessão, no qual o governo não tem direito a receber parte da produção em óleo. Vence a disputa quem oferecer o maior bônus.
Da Bacia de Santos foram arrematados três dos seis blocos no único setor ofertado. O bônus de assinatura arrecadado com eles foi de R$ 346,4 milhões – um ágio de 235,91% em relação ao bônus mínimo esperado pela ANP.
Já da Bacia Potiguar, um dos cinco blocos do setor AP1 foi arrematado por R$ 5,1 milhões. Segundo a ANP, o valor não representou nenhum ágio sobre o que era esperado. Já o setor AP2 teve os seis blocos arrematados por um bônus total de R$ 133,7 milhões, com ágio de 80,98%.
Da Bacia do Ceará, apenas um dos sete blocos do setor SCE-AP-2 foi arrematado ao bônus de R$ 9 milhões, com ágio de 12,33%.
Da Bacia se Sergipe-Alagoas, um dos três blocos do setor SSEAL-AUP1 foi arrematado por R$ 3,6 milhões, com ágio de 39,73%. Já o setor SSEAL-AUP2 teve um dos quatro blocos arrematados também pelo valor de R$ 3,6 milhões em bônus de assinatura, representando o mesmo percentual de ágio de 39,73%.
O maior ágio foi da Bacia de Campos – 680,452% sobre o mínimo esperado. Os nove blocos, todos do setor SC-AP5, foram arrematados por expressivos R$ 7,5 bilhões.
Segundo o diretor-geral da ANP, “a grande notícia” desta rodada é a concessão de todos os nove blocos da Bacia de Campos ofertados no leilão. “É uma notícia extraordinária para o Rio de Janeiro”m, enfatizou Oddone.
“Mostra o potencial que ainda temos a explorar na Bacia de Campos, que ficou cerca de 10 anos sem ser explorada por indefinição sobre o polígono do pré-sal”, acrescentou.
Ainda sobre a Bacia de Campos, Oddone enfatizou, também, que “o interesse das principais companhias do mundo [que disputaram os blocos ofertados pela ANP] traz de volta o protagonismo do Rio de Janeiro no setor de óleo e gás”.
Confira abaixo os lotes ofertados e quais foram arrematados:
– BACIA DE CAMPOS (total 9 blocos)
Vencedor: consórcio Petrobras, Statoil e ExxonMobil (2 blocos)
C-M-657: R$ 2,1 bilhões
C-M-709: R$ 1,5 bilhão
Vencedor: consórcio ExxonMobil, QGI Brazil e Petrobras (2 blocos)
C-M-753: R$ 330 milhões
C-M-789: 2,8 bilhões
Vencedor: consórcio Repsol, Wintershall e Chevron (2 blocos)
C-M-821: R$ 51,7 milhões
C-M-823: R$ 40 milhões
Vencedor: consórcio Shell, Petrogal e Chevron (1 bloco)
C-M-791: R$ 551,1 milhões
Vencedor: consórcio BP Energy e Statoil (2 blocos)
C-M-755: R$ 43,3 milhões
C-M-793: R$ 43,3 milhões
– BACIA DE SANTOS (total 6 blocos)
Vencedor: consórcio ExxonMobil e QPI (2 blocos)
S-M-536: R$ 165 milhões
S-M-647: R$ 49,5 milhões
Vencedor: consórcio Chevron, Wintershell Holding e Repsol (1 bloco)
S-M-764: R$ 131,9 milhões
3 blocos ficaram sem ofertas
– BACIA DO CEARÁ (12 blocos)
Vencedor: Wintershall (1 bloco)
Não recebeu nenhuma oferta
– BACIA POTIGUAR (total 13 blocos)
Vencedor: Petrobras (1 bloco)
POT-M-762: R$ 5,1 milhões
4 blocos desse setor ficaram sem oferta
Vencedor: Wintershell Holding (3 blocos)
POT-M-857: 57,3 milhões
POT-M-863: R$ 24,5 milhões
POT-M-865: R$ 16,3 milhões
Vencedor: consórcio Petrobras e Shell (2 blocos)
POT-M-859: R$ 13,4 milhões
POT-M-952: R$ 20 milhões
Vencedor: Shell (1 bloco)
Não houve ofertas para os dois blocos deste setor
– BACIA SERGIPE-ALAGOAS (total 7 blocos)
Vencedor: ExxonMobil, Murphy e Queiroz Galvão (1 bloco)
SSEAL-M-430: R$ 3,6 milhões
Vencedor: ExxonMobil, Murphy e Queiroz Galvão (1 bloco)
O maior número de empreas interessadas nos blocos marítimos desta 15ª Rodada se deve, em princípio, à produtividade: segundo a ANP, em 2017, 44% da produção de petróleo no Brasil foi oriunda de reservatórios marítimos do pós-sal, enquanto os blocos terrestres responderam por aproximadamente 8% da produção nacional.
Porém, o principal foco das empresas licitantes está na promessa de reservas abaixo dos blocos ofertados.
Os 47 blocos marítimos oferecidos nesta rodada estão fora do chamado Polígono do Pré-sal. Eles estão distribuídos nas bacias sedimentares marítimas do Ceará, Potiguar, Sergipe-Alagoas, Campos e Santos. Em 15 deles, localizados nas bacias de Campos e Santos, a ANP diz haver possibilidade de reservas na camada pré-sal.
Fracasso – A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) não recebeu nenhuma oferta pelos blocos terrestres de exploração de óleo e gás que foram colocados em leilão nesta quinta-feira (21). Não houve empresa que tentasse arrematar nenhum dos 21 blocos.
Após a apresentação dos 21 blocos e nenhuma oferta, foi concedido um prazo de 15 minutos para que os licitantes reavaliassem as possibilidades dos negócios. No entanto, ainda assim não houve nenhum bloco arrematado.
“A gente esperava algum interesse, especialmente na Bacia do Paraná. Na nossa avaliação, a Petrobras estar se desfazendo de ativos chama a atenção das empresas. Isso influenciou no desinteresse dos leilões de áreas terrestres”, declarou o diretor geral da ANP, Décio Oddone.
Mesmo assim, ele classificou como “espetacular” o resultado desta 15ª Rodada de Concessões. “Mostra a capacidade do Brasil de atrair investimentos”, disse ele. Isso porque, mais cedo, a ANP havia arrecadado R$ 8 bilhões em bônus com o leilão de 22 blocos marítimos de exploração de óleo e gás, batendo um novo recorde.
Dos 68 blocos ofertados pela ANP, incluindo marítmos e terrestres, 22 foram arrematados, o que corresponde a 32% do total.
Segundo a ANP, a etapa de leilão das áreas marítimas teve 13 empresas ofertantes, 11 delas estrangeiras. Destas, 12 saíram vencedores, das quais nove de países diferentes. “A diversidade de operadores junto com a diversidade de áreas arrematadas foram os grandes sucessos deste leilão”, avaliou o diretor-geral da agência, Decio Oddone.
O valor arrecadado até poderia ter sido maior. Na véspera do leilão, decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) tirou da oferta os dois blocos mais valiosos, que representariam 80% da arrecadação desta rodada.
Na abertura do leilão, Oddone pediu desculpas às empresas que se dedicaram a estudar os dois blocos retirados do leilão. “Espero que haja oportunidade para que seja feita [a oferta deles] ainda este ano.”
O secretário de petróleo e gás no Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, disse que chegou a ficar preocupado com o impacto da retirada dos dois blocos da Bacia de Santos pelo TCU. “Mas foi a melhor rodada de todos os tempos desde 1999”, afirmou.
Ainda segundo Félix, algumas empresas que se inscreveram para o leilão não chegaram a apresentar ofertas, mas se fizeram presentes para avaliar o setor brasileiro. “Não temos mais uma indústria pungente, mas uma indústria nascente que vai gerar empregos e formar jovens que estão acreditando neste novo momento do mercado de petróleo”.