O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, assinou nesta terça-feira (3) a ficha de filiação ao MDB. O presidente Michel Temer, parlamentares e lideranças do partido participaram do ato de filiação do ministro, que aconteceu na sede do MDB em Brasília.
Questionado durante o evento se será o candidato do MDB à Presidência da República, Meirelles afirmou que isso não é objeto de discussão neste momento. Meirelles deixou o PSD para voltar ao MDB, partido no qual já foi filiado em 2009.
O deputado federal Beto Mansur (SP), um dos vice-líderes do governo na Câmara, também migrou para o MDB durante o mesmo evento. O parlamentar estava no PRB. O ato ainda teve a filiação da deputada federal Maria Helena, que deixa o PSB.
Meirelles assinou a ficha, que logo depois foi abonada por Temer, pelo senador Romero Jucá (RR), presidente da legenda, e pelo deputado Baleia Rossi (SP). Durante o ato, tocou um jingle que dizia “M de Michel, M de Meirelles, M de MDB”. O evento também teve banners com uma foto de Temer e Meirelles com a inscrição “nossa união nos fortalece”.
Ao abrir o ato de filiação, Romero Jucá afirmou que o ingresso de Meirelles no partido representa uma reafirmação de preceitos de transformação do país e, também, uma nova forma de conduzir a economia.
“Conseguimos fazer coisas que não acreditaram que se fariam. Os analistas eram pessimistas [quando o presidente Temer assumiu, em 2006]. Meirelles, mais o comando político do governo, conseguiu, no meio de tormentas, ataques, especulações, ter experiência para que a nau Brasil, nosso país, fosse conduzido da melhor forma possível”, declarou ele.
Jucá disse também que Henrique Meirelles se coloca à disposição do partido para somar esforços e “ganhar uma eleição” que vai conduzir uma transição política e econômica do país.
Temer também discursou no ato de filiação de Meirelles. O presidente citou a parceria com o ministro na economia e destacou sua formação e competência. “Você está habilitado a ocupar qualquer cargo no país, não tenho a menor dúvida disso”, disse Temer.
O presidente Michel Temer destacou, ainda, que o MDB trabalha na ponte para o futuro 2, a fim de manter as reformas promovidas por seu governo. “É o prosseguimento das reformas que foram feitas e aquelas que, adiadas, terão que ser feitas no próximo governo”, disse.
Henrique Meirelles destacou em seu discurso de filiação ao MDB feitos na economia durante o governo do presidente Michel Temer. Meirelles assumiu o Ministério da Fazenda em maio de 2016, quando Michel Temer ainda era presidente em exercício e o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff ainda estava em curso.
“O presidente Temer assumiu um desafio gigante, impossível diria alguns, pois a economia brasileira estava em frangalhos. No passado, o país foi atingido por crises que vieram do exterior. Crise que herdamos veio de erros econômicos praticados no brasil. Em 2016, enfrentávamos a maior crise da nossa histórica, maior do que de 1929”, afirmou.
O ministro Meirelles afirmou ainda que o Brasil voltou ao caminho do crescimento econômico e disse que esse legado não pode ser perdido e nem esquecido. “É preciso perseverar, insistir nas medidas e na direção certa para o país. Tenho muito orgulho de me filiar ao partido que, sempre que chamado, fez o que era correto par ao país”, declarou.
Meirelles disse ainda que tanto ele quanto o MDB têm um compromisso de geração de empregos, com renda e oportunidades para todos. “Só teremos um país justo quando o filho de um operário tiver as mesmas oportunidades que o filho de um médico”, afirmou.
Ao trocar o PSD pelo MDB, Meirelles prepara sua pré-candidatura à Presidência da República. No entanto, ele tem a concorrência interna de Temer, que já admitiu publicamente a possibilidade de tentar a reeleição – veja quem já se declarou pré-candidato à Presidência.
Nos bastidores, é especulada uma possível chapa nas eleições de outubro tendo Meirelles como vice de Temer. O governo inclusive já discute o nome do substituto do ministro na Fazenda.
O ministro Meirelles afirmou que permanece no comando do Ministério da Fazenda até a próxima sexta-feira, e acrescentou que seu substituto será definido nos próximos dias. O secretário-executivo da pasta, Eduardo Guardia, é o favorito para assumir o cargo.
A lei prevê que ministros interessados em se candidatar precisam deixar os cargos seis meses antes da eleição, prazo que em 2018 termina no próximo sábado (7).
As primeiras mudanças na Esplanada já ocorreram. Na segunda (2), Ricardo Barros (PP-PR) e Maurício Quintella (PR-AL) retornaram aos mandatos de deputado federal, deixando os ministérios da Saúde e dos Transportes. Gilberto Occhi e Valter Casimiro Silveira assumiram as duas pastas, respectivamente.
Outra mudança ocorrerá no Ministério do Planejamento, com a saída de Dyogo Oliveira, que vai para o BNDES. Temer confirmou no domingo (1º) que o secretário-executivo Esteves Pedro Colnago Junior será o novo ministro.
Questionado se será o candidato do MDB à Presidência da República, Meirelles afirmou que isso não está sendo objeto de discussão neste momento “na medida em que a definição do candidato do partido vai ocorrer definitivamente na convenção, que é no mês de agosto”.
“Hoje eu assinei a ficha de filiação ao MDB, movimento para mim importante porque, de um lado, assino a reentrada em um partido que tem os mesmos valores que eu tenho, em primeiro lugar de defesa da democracia e do estado de direito. E, depois, um partido que defendeu a estabilidade econômica e o desenvolvimento do emprego e da renda como a melhor maneira de fazermos justiça social”, afirmou ele.
Ministro da Fazenda no governo de Michel Temer, o goiano Henrique Meirelles comandou o Banco Central nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2003 e 2010.
Em 2002, Meirelles foi eleito deputado federal pelo PSDB, mas desistiu da cadeira para assumir o BC. Antes, ele fez carreira no mercado financeiro, tendo sido presidente mundial do BankBoston.
Meirelles ainda atuou como presidente do conselho da J&F, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
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