O administrador Carlos Alberto Bettoni, 56, agredido em ato em frente ao Instituto Lula, em abril, recebeu alta hospitalar e está em repouso em sua casa desde sexta-feira (27).
Sua mulher disse que ele está bem, sem sequelas aparentes, mas ainda sem autonomia e com restrições para se comunicar.
Bettoni sofreu traumatismo craniano no dia 5 de abril, quando sofreu empurrões e chutes ao criticar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na véspera de sua prisão.
Naquela tarde, o administrador interrompeu uma entrevista do senador petista Lindbergh Farias (PR) com ofensas.
“Vem apanhar aqui, seu filho da puta. Vai ser reeleito aqui, seu viado?”, gritou o manifestante. O senador o desafiou a repetir a agressão.
Apoiadores de Lula reagiram empurrando e agredindo o manifestante, que bateu a cabeça no para-choque de um caminhão e caiu no meio da rua.
O episódio resultou no indiciamento do ex-vereador Manoel Eduardo Marinho, conhecido como Maninho do PT, seu filho Leandro Eduardo Marinho e Paulo Cayres, secretário nacional do Setorial Sindical do PT e vice-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Eles são suspeitos de lesão corporal dolosa, quando há intenção de ferir. Se condenados podem pegar pena de um a cinco anos de prisão.
Em petição, seu advogado, Daniel Bialski, pede a nulidade do indiciamento. Afirma que o delegado colheu depoimento de Bettoni, quando ele ainda estava hospitalizado, sem aval da defesa ou da família e contestou a própria acusação.
“O caso concreto não encerra mero episódio de agressão, mas sim de possível tentativa de homicídio qualificado”, sustenta o advogado.
Quem agiu da forma como registrada em vídeo, afirma Bialski, “assume o risco de produzir o resultado mais gravoso, qual seja, o evento morte”. O Ministério Público e a Justiça deverão se manifestar.
Maninho do PT lamentou o ocorrido, dias depois. Em nota, sua defesa afirmou que ele estava “à disposição das autoridades para prestar todo e qualquer esclarecimento necessário”.
“Por conta das vinculações que têm sido feitas pelas mídias, onde está sendo reproduzida somente uma parte da situação, a família tem sofrido hostilização e retaliação por parte da população”, disse.
O ex-vereador hoje é assessor parlamentar do deputado estadual Teonilio Barba (PT). Cayres disse ser inocente e que não se manifestaria.