24 de novembro de 2024
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PF procura por 12 doleiros foragidos da Lava Jato

PF procura por 12 doleiros foragidos da Lava Jato

Policiais federais estão à procura de 12 doleiros investigados na Operação Câmbio, Desligo, deflagrada no começo deste mês, e com mandados de prisão em aberto, entre os quais o brasileiro Darío Messer, apontado como chefe de um grandioso esquema que movimentou cerca de US$ 1,6 bilhão (R$ 5,3 bilhões).

Dos 35 detidos pela PF com base na apuração da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, quatro conseguiram habeas corpus. São eles: Cláudia Mitiko Ebihara, Roberta Prata, Marcelo Fonseca de Camargo e Daniela Diniz.

Além de Messer, conhecido pelo codinome “Cagarras”, os foragidos são: Renê Maurício Loeb, Alberto Cezar Lisnovetzky (“Leôncio”), Carlos Alberto Braga de Castro, Wander Bergmann Vianna, Ernesto e Patrícia Matalon, Bella Kayreh Skinazi, Chaaya Moghrabi (“Monza”), Claudine Spiero (“Cabral”), Richard Andrew Oterloo e Augusto Rangel Larrabure.

De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), a quadrilha reunia os maiores doleiros do Brasil e, entre outros crimes, foi responsável por lavar dinheiro de políticos, como o ex-governador fluminense Sérgio Cabral (MDB).

Além disso, o núcleo encabeçado por Messer e pelos delatores Vinicius Claret (“Juca Bala”) e Cláudio Barbosa (“Tony”) –ambos presos no ano passado e liberados no começo deste mês– fazia uma ponte entre corruptos e corruptores, gerando dinheiro em espécie para pagamento de propina.

Exterior – A maioria dos foragidos estaria no exterior, segundo os investigadores, e há negociações com autoridades internacionais para que os mandados sejam cumpridos. Os nomes foram encaminhados para a Interpol (polícia internacional), que os colocou no alerta vermelho (lista de procurados).

Messer, o principal alvo da Câmbio, Desligo, tem residência no Paraguai, onde vive com a mulher, Rosane Messer (casal na foto acima). Ele é amigo pessoal do presidente do país vizinho, Horacio Carles, que já se referiu ao doleiro como “um irmão de alma”.

O vínculo com Cartes, contudo, não impediu o Ministério Público do Paraguai de abrir uma investigação contra o brasileiro após a Câmbio Desligo. Na quarta (16), fiscais da Unidade Especializada de Crimes Econômicos e Anticorrupção cumpriram cinco mandados de busca e apreensão, sendo três em Ciudad del Este, um em Guairá e outro na capital, Assunção.

Foram recolhidos documentos contábeis e equipamentos de informáticas em endereços ligados a cinco empresas que teriam negócios com Messer, de acordo com o MP do Paraguai.

MSC Preziosa – Foi da varanda da cabine 13045 do cruzeiro MSC Preziosa que René Maurício Loeb viu o Brasil pela última vez. Era 8 de abril, em Santos, no litoral de São Paulo. E o doleiro investigado pela Lava Jato, acusado de envolvimento na movimentação de cerca de R$ 1 bilhão no mercado negro do dólar, seguia para a Europa numa embarcação com escadas adornadas com cristais Swarovski e piscina com borda infinita.

Para os procuradores do Ministério Público Federal (MPF), começava aí a fuga que fez Loeb se transformar em mais um foragido da Operação “Câmbio, Desligo”, fase da Lava Jato do Rio que desarticulou o esquema criminoso comandado por outro doleiro, Dario Messer, considerado o “doleiro dos doleiros” – e que também é um fugitivo.

A defesa de Loeb nega que o cliente tenha tentado driblar a Justiça. Alegou que “a viagem por mar deveu-se ao precaríssimo estado de saúde” dele. E que o investigado foi procurar “tratamentos possíveis” no exterior para a fibrose pulmonar idiopática, “inconformado com a ideia de simplesmente aguardar a morte”. Atestados médicos anexados ao processo confirmam a enfermidade – e a contraindicação para viagens de avião.

O MPF não acreditou. Achou curioso o fato de o doleiro ter escolhido a Alemanha, país em que é cidadão, para procurar ajuda. E que “nada foi localizado a respeito de tratamentos inovadores no sistema europeu de saúde que não sejam realizados no Brasil”.

Ao defender que a Justiça não revogue o mandado se prisão de Loeb, os procuradores afirmaram ainda que “não se concebe que um paciente em risco tão grave de vida consiga embarcar em um cruzeiro comercial, sem qualquer recurso médico específico ou cuidados diferenciados”.

Os advogados do doleiro, por outro lado, pedem ao juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio, que a ordem de prisão seja cancelada. Alegam que no dia da viagem, 8 de abril, mais de 20 dias antes da operação, ninguém sabia da existência da investigação.




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