Sem passar de 1% nas pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já admite, em conversas com aliados, desistir da disputa. O jornal O Estado de São Paulo informa que Maia prepara o argumento para a desistência e passou a articular apoio para se reeleger ao comando da Casa na próxima legislatura. “Vou trabalhar pela minha candidatura até o limite, mas, de forma nenhuma, vou para esse processo sozinho”, afirmou Maia ao Estadão/Broadcast.
A saída de Maia da disputa presidencial vai explicitar as articulações do DEM no processo eleitoral. O presidente da Câmara tem defendido um novo polo de poder, distante do PSDB – parceiro histórico – e do MDB.
Há cerca de um mês, o deputado intensificou negociação com partidos de centro, entre eles, PP, PRB e SD, para que marchem juntos na campanha. Com a entrada do PR no bloco, ele passou a ser um dos principais entusiastas da aliança dessas legendas em torno da candidatura do empresário mineiro Josué Gomes (PR), dono da Coteminas e filho do ex-vice-presidente José Alencar.
Maia e aliados não descartam uma composição com o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), mas têm feito acenos a outros presidenciáveis, entre eles, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). A avaliação dos dirigentes dessas legendas de centro é de que não se pode descartar o potencial eleitoral do pedetista.
Na negociação, o DEM pede compromisso de apoio à reeleição de Maia para o comando do Legislativo. Sua candidatura ao Planalto, desde o início, era vista como uma tentativa de o deputado se cacifar politicamente e eleitoralmente, uma vez que tem piorado seu desempenho nas urnas ao longo dos anos – em 2014 foi eleito com 53,1 mil votos, ante quase 200 mil de 2006.
A pouco mais de um mês do início das convenções partidárias, a saída de Maia da disputa também é mais um sinal da depuração dos 17 nomes que se apresentaram até agora como pré-candidatos. Nesta semana, a deputada estadual Manuela DÁvila (PCdoB) admitiu abrir mão de sua pré-candidatura à Presidência nas eleições 2018 em torno de um nome que unifique a esquerda.
Ciro – O aceno de Maia a Ciro coincide com a desconfiança que ronda a pré-candidatura de Alckmin nas pesquisas de intenção de voto. Embora DEM e PSDB sejam aliados históricos, Maia já disse que aliança entre os dois partidos na disputa deste ano não seria “automática”.
Maia disse na quinta-feira passada que votaria no pedetista em um eventual segundo turno entre ele e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ). As conversas de Maia com Ciro estão sendo feitas ainda por meio de interlocutores, entre eles, o deputado Weverton Rocha (PDT-MA), que é próximo do presidente da Câmara. Nas tratativas, DEM e PDT avaliam possíveis alianças nos Estados, como no Rio e no Rio Grande do Norte.
O deputado também tem se movimentado na Câmara em busca de apoio para se reeleger pela terceira vez para o comando da Casa. Desde abril, passou a fazer reuniões individuais com as principais bancadas para ouvir as demandas dos parlamentares. Já encontrou com deputados do PR, do PSDB e do PPS. Também deve se reunir com o MDB, a segunda maior bancada.
Maia também vem fazendo gestos para os principais partidos da oposição, entre eles PT, PCdoB e PDT, cuja maioria de seus integrantes o apoiou em suas duas eleições para o comando da Casa em 2016 e 2017.