Vencedor do Prêmio Nacional de Cirurgia Cardíaca de 2018, no 45º Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, grupo de pesquisadores desenvolveu gel que pode construir novos órgãos. Para contar mais sobre esse projeto premiado, o Jornal da USP no Ar conversou com o principal autor da pesquisa, o médico Gabriel Liguori, doutorando em Cirurgia Torácica e Cardiovascular na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
Segundo Liguori, um dos principais motivos para a realização da pesquisa é a grande demanda mundial de transplante de órgãos, devido à ocorrência frequente de doenças vasculares que provocam o falecimento do coração. O que, para os médicos, torna imprescindível a criação de alternativas que permitam transplantes eficazes. Com a pesquisa, o grupo pretende construir órgãos com células do próprio paciente, evitando possíveis rejeições.
Criado para ser utilizado em impressoras 3D, o gel foi feito para simular uma estrutura idêntica à natural. O médico esclarece que eles usaram órgãos de porco para estimular células que estão no coração, simulando o comportamento que elas teriam dentro do animal. Os pesquisadores descobriram que, na utilização desses tecidos artificiais, que são idênticos a células, eles se comportam exatamente como se fossem nativos. Mesmo com o êxito na pesquisa, Liguori explica que esse método começará a ser utilizado em humanos em um prazo de 10 a 15 anos.
O estudo também é resultado de um sonho que vem sendo construído diariamente. Por ter nascido com uma cardiopatia congênita, a malformação do coração, desde sua primeira semana de vida, Liguori frequentava o Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC-FMUSP). Dois anos depois, ele passou por uma cirurgia a fim de corrigir o problema. Com a convivência e tendo que visitar frequentemente o Incor, o agora médico se encantou pela área, o que fez com que ele cursasse Medicina justamente para atuar em cirurgia cardíaca pediátrica e poder realizar a mesma cirurgia em crianças.