Aliado apenas com o nanico Avante, o candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, disse nesta segunda-feira (6) que adversários que o isolaram na disputa eleitoral querem decidir o pleito de dentro de gabinetes e celas, limitando seu tem de televisão a apenas 33 segundos.
“Querem resolver a eleição nos gabinetes ou em celas, o que é até pior em certos aspectos”, afirmou, em crítica velada à aliança do centrão (DEM, PP, PR, PRB e SD) com Geraldo Alckmin (PSDB) e às articulações promovidas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que PSB e PC do B não aderissem à sua campanha.
Após mais de uma hora de sabatina com empresários ligados à Coalizão pela Construção, coletivo de entidades que representam o setor, Ciro fez críticas nominais a seus adversários.
Aos jornalistas, disse que o PT fez aliança de neutralidade do PSB por medo e acusou Lula de agir diretamente para levar o centrão para Alckmin.
“O Lula trabalhou para o Valdemar Costa Neto [comandante do PR] ir para o Alckmin. O Lula trabalhou para o PR ir para o Alckmin. E eu me recusei a conversar com o Valdemar por razões antigas. Tá tudo certo. Eu só acho que é um erro grave. E não é nobre, mas ninguém precisa ser nobre. E pegou mal pra cacete. O que é, afinal de contas? É tirar o meu direito de falar uns segundinhos a mais”, afirmou.
O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) também foi alvo de críticas por se esquivar de perguntas sobre economia. O candidato de direita foi convidado, porém não participou do evento.
“No Brasil, iniciou-se de um tempo para cá, a apologia da ignorância. Porque isso dá uma certa afinidade com o nosso povo. Virou um atributo. ‘Sei de nada não, vou chamar o posto Ipiranga'”, ironizou Ciro Gomes.
Ciro também justificou sua aliança com a senadora Kátia Abreu (PDT), oficializada como sua vice, que, aliás, ele chamou de vice-presidenta. Ela foi ministra da Agricultura do governo Dilma Rousseff e era ligada a pautas conservadoras.
“Duvido que tenha um petista que tenha sido mais heroico e mais sacrificado do que a Kátia Abreu foi, com decência e fidelidade à democracia, ao Brasil e a [ex-presidente] Dilma [Rousseff], ao PT. Ela foi expulsa do partido [MDB] pelos quadrilheiros golpistas porque foi fiel [na época do impeachment]”, disse Ciro Gomes.
Aos empresários da construção, falou de quatro pontos que pretende atacar caso seja eleito: os colapsos do crescimento e fiscal, o endividamento do empresariado e o desequilíbrio da balança comercial brasileira.
O presidenciável criticou a concentração de bancos no país, comparando com o número em países como os Estados Unidos.
“No Brasil, de forma absolutamente irresponsável, permitimos ao longo dos últimos 15 anos que 85% das transações financeiras do país se concentrem em cinco bancos, dois dos quais estatais [Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal], que participam do cartel”, afirmou.
O candidato disse também que Banco do Brasil e Caixa têm que ser forçados a competir com outras instituições financeiras e criticou qualquer possibilidade de privatizar os bancos estatais.
Ao contrário do que aconteceu em sabatina da CNI (Confederação Nacional da Indústria), quando foi vaiado, há pouco mais de um mês, desta vez Ciro foi aplaudido pelos empresários.
O candidato criticou o que considera abusos regulatórios e, para exemplificar, disse que um “garoto do Ministério Público” dita as regras e que órgãos de fiscalização como o TCU (Tribunal de Contas da União) “tem mais engenheiro que os órgãos de execução, só para botar defeito no trabalho dos outros”.
Afirmou que, eleito, fará uma série de mudanças nas leis de improbidade, das licitações, de desapropriações e na estrutura de órgãos de controle.
Ciro prometeu “passar uma lupa” nas despesas de estado e nos R$ 354 bilhões de renúncia fiscal. Se comprometeu também a levar a taxa de câmbio a um patamar estimulante.
O presidenciável criticou o pensamento de estimular a economia através do consumo. “Não podemos mais acreditar que o consumo vai fazer o país crescer.”
Ciro também criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), afirmando que ele “jogou no lixo” a oportunidade de reformar o país.