Em recente entrevista, o presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, admitiu ser favorável a uma espécie de aliança entre o seu partido e o adversário político histórico PT, num eventual cenário de segundo turno entre o candidato de uma das duas legendas e o do PSL, Jair Bolsonaro, na disputa pela Presidência da República.
A declaração irritou Bolsonaro, que atacou fazendo referências aos processos judiciais que envolvem políticos de ambas as agremiações e, ao menos na Bahia, de acordo com o jornal Estadão, representantes tanto dos petistas quanto do tucanato rechaçaram tal possibilidade.
O presidente regional do PT no Estado, Everaldo Anunciação, disse não ver viabilidade na sugestão porque o PSDB teria que mudar muito caso objetivasse uma aproximação do PT, ainda que por curto tempo. “Temos ideologias completamente diferentes, não tem condição. É água e vinho. Se eles aderissem às nossas politicas sociais e econômicas, até poderíamos pensar. Mas, isso não vai acontecer, eles representam o atraso e tem uma política que se compara a de Temer
Já o presidente estadual do PSDB baiano, deputado federal João Gualberto, que há cerca de 10 dias retirou a sua candidatura, embora fosse tida como certa a sua reeleição à Câmara dos Deputados, não economizou nas críticas e ironias aos adversários, afirmando não haver hipótese num acordo dessa natureza.
“Conheço bem os meus colegas de Câmara e Senado, por todo o Brasil, e acho muito pouco provável que alguém concordasse com uma aliança dessa”, disse, João Gualberto, que sempre fez oposição ferrenha ao governo da ex-presidente Dilma Rousseff e a atual administração Michel Temer. Ele, no entanto, ressalta que o ex-presidente Fernando Henrique é merecedor de todo o respeito e admiração, porém, acredita que ao fazer tal sugestão, não deva ter falado em nome do partido, mas emitido opinião pessoal.
“Fernando Henrique já chegou a um patamar que pode dizer o que quer e o que pensa, aliás, na minha opinião, todos temos que agir assim, nos posicionando, dizendo o que realmente pensamos”, completa. No entendimento de Gualberto uma eventual união, ainda que temporária, entre os partidos, seria “no mínimo esdrúxula”. Quanto à necessidade de por fim à eterna polarização entre petistas e tucanos, que transcorre sempre em clima de beligerância, também defendida por FHC, o líder peessedebista também questionou.
“Sempre houve e sempre haverá essa polarização, aliás, isso acontece em todo o mundo, é sempre uma tendência entre duas legendas fortes. Mas, aliança, nem pensar, temos visão de mundo completamente diferente, Como é que a gente vai compor com quem criou o mensalão e o petrolão? É uma convivência impossível. O PT institucionalizou a corrupção no Brasil. Seria a total desmoralização, um aval a tudo o de ruim que eles fizeram ao País” diz, apostando que o PT não irá ao segundo turno.
“Não vou ser tão radical quanto Ciro Gomes (candidato do PDT à presidência) que disse preferir morrer a ver o PT e Bolsonaro disputando a segunda etapa da campanha, mas, para mim, seria o pior dos mundos. Vou continuar trabalhando pelo nosso candidato Geraldo Alckmin”, conclui.