23 de novembro de 2024
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Para Eduardo Jorge, legalização do aborto é a discussão mais difícil da sociedade

Para Eduardo Jorge, legalização do aborto é a discussão mais difícil da sociedade

O médico sanitarista Eduardo Jorge (PV) disse que diverge da posição da presidenciável Marina Silva (Rede), de quem ele é candidato a vice-presidente, sobre aborto. Jorge afirmou que, num eventual plebiscito sobre o aborto, ele ficará de um lado e “a Marina e o Papa Francisco” de outro.

“Se chegar a esse ponto que tiver um plebiscito, a Marina e o Papa Francisco vão defender uma coisa e eu vou defender outra”, disse Eduardo Jorge.

Marina Silva, que é evangélica, se diz pessoalmente contra o aborto e contra que a matéria seja decidida pelo Supremo Tribunal Federal. Em agosto, a presidenciável afirmou que, “se for para ampliar” as modalidades previstas em lei, “que se faça um plebiscito”. O Brasil só permite a interrupção voluntária da gravidez em caso de estupro, de risco de morte da mulher e anencefalia do feto.

O candidato falou sobre o tema à GloboNews, que, nesta semana, entrevista os postulantes ao cargo de vice-presidente das cinco chapas mais bem colocadas nas pesquisas de opinião. A primeira entrevistada foi Kátia Abreu, vice na chapa de Ciro Gomes (PDT). Em seguida, Ana Amélia (PP), vice de Geraldo Alckmin (PSDB).

Perguntado se prevaleceria a visão dele ou de Marina sobre o tema, Jorge respondeu que “a posição que está sendo votada é a posição da Rede e a posição da Marina”. “Quando eu aceitei fazer a coligação com a Rede e aceitei que ela fosse a cabeça de chapa, eu tenho que ter a sabedoria de ser leal e dizer que o que está valendo é a posição da Rede e da Marina”, afirmou.

O candidato a vice negou que haja incoerência na visão do PV sobre aborto — que, segundo ele, “é uma posição histórica” e que ele defendeu em 2014, quando se candidatou a presidente.

Eu tenho uma trajetória de vida em relação a essa questão e um ponto de vista médico e que é bem diferente do ponto de vista religioso dos católicos e dos evangélicos”, disse Eduardo Jorge.

Ele também comparou a polêmica sobre o aborto com a discussão sobre legalização das drogas — essa, segundo Jorge, “é muito mais fácil”. “É uma questão muito racional, é de mostrar qual é a política melhor para que diminua a dependência, as doenças ligadas à droga e diminua o poder do crime”, justificou.

“O caso do aborto é uma questão filosófica. Você pega uma pessoa como o papa Francisco, que é uma pessoa admirável, uma pessoa que está reformando a Igreja, modernizando a Igreja, uma pessoa adorável. Ele tem a mesma posição que a Marina tem”, ponderou Eduardo Jorge.

O candidato ainda disse que a questão do aborto “é a mais difícil que tem”. “Você imagine eu tentando que explicar isso a minha tia com 102 anos super católica, que vai à igreja todo dia lá na Bahia, é difícil”, comentou.

Na entrevista, Eduardo Jorge afirmou que vai buscar mais recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ele, o trabalho da saúde pública é “subfinanciado”. “Eu estou trabalhando aqui no Sistema Único de Saúde […] com cerca de R$ 3 por pessoa por dia. É com isso que eu trabalho. É isso que o Brasil me dá, para eu, Sistema Único de Saúde, trabalhar. R$ 3 por pessoa por dia não dá nem uma passagem de ônibus em São Paulo, aqui no Rio de Janeiro também.”

O candidato ponderou que o Brasil passa por “uma gravíssima crise econômica”. “E não existe só a saúde, eu não sou dono do orçamento. Eu tenho que dividir com todos os orçamentos, desde a agricultura até a segurança. Eu sei disso, né?”

“Portanto, aí entra o seguinte: eu vou lutar por recursos porque recursos são poucos. Eu multiplico pães e peixes todos os dias para fazer vacinação e transplante”, afirmou Jorge.

Para o candidato, os economistas, de direita ou de esquerda, “ficam nervosos” ao falar sobre gastos em saúde. “Porque a saúde é uma equação que nenhum economista resolve, que é uma demanda infinita para um orçamento finito. Isso vale para Moçambique, Brasil e Suécia”, comparou Eduardo Jorge.

Os próximos entrevistados pela GloboNews serão Fernando Haddad (PT), vice de Lula (PT) e General Mourão (PRTB), vice de Jair Bolsonaro (PSL).

Foto: Reprodução




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