Após o candidato nas eleições 2018 Jair Bolsonaro (PSL) ser atacado em ato público, a Polícia Federal agendou para as 16h deste sábado (08) uma reunião com representantes de campanhas para discutir a segurança dos candidatos à Presidência da República. O objetivo do encontro, convocado pelo diretor-geral da PF, Rogério Galloro, é reavaliar o “grau de risco” de cada campanha e alinhar os procedimentos a serem implementados para garantir a segurança até o fim das eleições.
Antes da reunião com as campanhas, haverá uma reunião interna com os policiais que chefiam as equipes que fazem a segurança dos candidatos. Enquanto a primeira reunião tem por objetivo reavaliar a situação e definir a estratégia da segurança a ser realizada pela PF daqui pra frente, o segundo encontro tem como finalidade “sensibilizar” as campanhas sobre a importância de seguir as regras de segurança a serem estipuladas. Os convidados que estiverem em alguma agenda com os candidatos deverão participar por meio de videoconferência.
No momento, apenas cinco candidatos têm segurança feita pela Polícia Federal, porque foram os únicos que pediram. São Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), Alvaro Dias (Podemos) e o próprio Bolsonaro – que tem o maior número, 21. A ampliação das equipes de segurança é um dos pontos que serão discutidos nas duas reuniões. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta sexta-feira, 7, o efetivo da PF destinado à segurança dos candidatos à Presidência será ampliado em 60%. Até antes do ataque, 80 policiais já haviam sido destacados para acompanhar os candidatos.
Teoricamente, apenas representantes destas campanhas estarão na reunião deste sábado. As assessorias de imprensa confirmaram a presença de Marina Silva, Álvaro Dias e Ciro Gomes no encontro – a de Alckmin não respondeu, e a de Bolsonaro não atendeu ligações. Questionada sobre se poderá pedir incremento no efetivo de policiais, a campanha de Ciro Gomes disse que “a questão está sendo avaliada e serão observadas as medidas adotadas pelo Polícia Federal”.
Um policial envolvido na segurança disse que a reunião com os representantes das campanhas é muito importante porque a relação entre os seguranças da PF e os candidatos nunca é de subordinação. Como exemplo, cita esse policial federal, a PF não pode obrigar o candidato a evitar eventos espontâneos – como ser carregado nos braços da multidão, mudar trajeto em cima da hora ou quebrar algum protocolo de segurança. Nesse cenário e com o novo grau de risco após o atentado a Bolsonaro, a PF quer conscientizar as campanhas sobre a importância do candidato seguir os protocolos estabelecidos pela equipe de segurança.
Candidatos que ainda não contam com segurança da PF ainda podem fazer uma solicitação à Polícia Federal. Uma fonte na Polícia Federal disse que até o fim da tarde desta sexta-feira, 7, nenhuma outra campanha tinha solicitado seguranças à Polícia Federal. A campanha de Guilherme Boulos (PSOL) disse que está em avaliação a possibilidade de fazer tal pedido. A assessoria disse também que não foi recebido convite para a reunião deste sábado em Brasília. Por sua vez, a campanha do PT disse que, por estratégia de segurança, não dará informações sobre o tema.
O homem que esfaqueou o candidato é Adelio Bispo de Oliveira. Nesta sexta-feira, ele foi transferido da sede da Polícia Federal em Juiz de Fora para o Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (CERESP), também no município mineiro, e passou por uma audiência de custódia. Na audiência, uma juíza da Justiça Federal de Juiz de Fora (MG) decidiu manter a prisão de Oliveira e determinou a transferência dele para um presídio federal. Na decisão, a juíza reconheceu os indícios apontados pela PF de crime contra a Segurança Nacional, e fixou a competência da justiça federal para analisar o caso.
Ainda nesta manhã, a Polícia Federal liberou um segundo suspeito do atentado, que, sem ligação direta com o ato, teria incitado a violência. Ele foi “detido, ouvido e liberado, mas segue na condição de investigado”, informou a PF. Ao todo, segundo o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, três pessoas são investigadas.