Integrantes da campanha do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, começaram a conversar com lideranças de partidos que atualmente estão coligados com o adversário do PSDB, Geraldo Alckmin, a fim buscar um apoio à candidatura do militar da reserva para uma disputa de segundo turno, afirmou à Reuters o presidente licenciado do partido de Bolsonaro, Luciano Bivar.
“Cada um individualmente tem tido conversas. Estamos numa bifurcação bem definida. Se querem um candidato patrocinado por um cara que está na prisão e afundou o país –esse a gente sabe que é terrível– e a favor de um sistema estatizante ou alguém que defende o livre mercado e está cercado de pessoas com boa intenção”, disse Bivar à Folha de S. Paulo, que não quis dar detalhes das conversas.
Na véspera, o coordenador da campanha de Bolsonaro em São Paulo, deputado federal Major Olimpio, admitiu haver conversas de dirigentes de partidos aliados ao tucano com a campanha de Bolsonaro para um eventual apoio no segundo turno, embora tenha destacado que ele não participa diretamente dessas tratativas.
Olimpio, que é candidato ao Senado, disse ser “natural” Bolsonaro receber o apoio de parte das legendas que apoiam Alckmin e citou dois exemplos: o do DEM e do Solidariedade, partidos do centrão, que tradicionalmente fazem oposição a governos do PT. Ele aposta que o candidato petista Fernando Haddad estará no segundo turno contra Bolsonaro. Por outro lado, acredita que parte do PP e PR podem apoiar Haddad.
Embora o trabalho seja para começar a campanha para um segundo turno, provavelmente contra Haddad, Bivar afirmou que os aliados do candidato vão trabalhar para tentar garantir uma vitória do candidato ainda no primeiro turno na reta final do pleito, com a defesa do chamado voto útil. Isso ocorre quando eleitores acabam votando em candidatos que têm mais chances de vencer e não os de sua preferência.
Na mais recente pesquisa Ibope, Bolsonaro aparece com 35 por cento dos votos válidos no primeiro turno — para se eleger na primeira etapa o candidato precisa ter metade mais um desse tipo de voto (quando são excluídos eleitores que anularam ou votaram em branco). Haddad, adversário mais próximo, tem 24 por cento dos votos válidos.
O dirigente partidário disse ser possível vencer na primeira etapa. Segundo ele, o eleitor não vai querer “correr o risco de entregar o governo a um regime socialista” e que seria melhor votar logo em Bolsonaro a escolher outras opções de presidenciáveis como Geraldo Alckmin (PSDB), João Amoêdo (Novo), Alvaro Dias (Podemos) e Marina Silva (Rede).
Bivar considerou que a estratégia de campanha de Alckmin, que começou a divulgar vídeos em que defende voto útil no tucano para fazer frente a Bolsonaro e a Haddad, acabou por beneficiar o candidato do PSL.
“Tenho a impressão que o Alckmin arranjou um marqueteiro que rema contra ele”, ironizou o presidente licenciado do PSL, para quem “parte significativa” dos votos ao tucano deve ir para Bolsonaro.
Foto: Reprodução