Ainda que a Bahia seja governada por Rui Costa (PT), a presidente estadual do PSL, mesmo partido do presidente eleito Jair Bolsonaro, Dayane Pimentel, garante que o estado não vai sofrer nenhuma “retaliação” do governo federal a partir de 2019.
Na Bahia, Haddad recebeu 72,69 % dos válidos, contra 27,31% de Bolsonaro.
“Não existe (a possibilidade) de forma alguma. Quando iniciamos esse processo, Bolsonaro já conhecia todo o histórico baiano. Ele se sente extremamente abraçado porque, por ser um estado em que a esquerda ainda tem um certo domínio, ainda assim as vozes que clamam por Bolsonaro são muito mais fortes”, afirmou Dayane, eleita deputada federal, por telefone, ao jornal Correio.
Dayane está no Rio de Janeiro (RJ) desde domingo (28), quando acompanhou a apuração dos votos com Bolsonaro. Após a confirmação da vitória de seu líder político, gravou com uma mensagem com ele sobre o sucesso de ambos nas urnas. Assista.
No Rio, Dayane tem participado de reuniões sobre o processo de transição do governo. Segundo ela, esse é o momento de “diálogos internos”.
“O que nós sabemos é que nenhum partido de esquerda jamais fará participação alguma no novo governo. Estamos sentindo falta das técnicas no novo governo, porque é sempre nomeação política. A esquerda não vai compor (a base), mas estamos conversando com todas as outras siglas para ver quem pode se encaixar”, explica Dayane.
Ela acredita que, dentre os partidos que estavam na coligação na Bahia (PHS, PPS e PRTB), nenhum deve permanecer por cláusulas de barreira. “A questão do PHS não bate muito com a nossa ideologia, mas podemos dialogar. Com a esquerda, não, mas com o restante, sim”, disse, sem querer adiantar possíveis nomes baianos que podem compor o alto escalão do governo ou aderir à base de Bolsonaro.
Para fechar o “time” do novo Presidente da República, ela diz que tem tido “conversas produtivas” com alguns políticos, como o prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), e o prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins (MDB). Entre os membros do próprio partido, que elegeu dois deputados estaduais (Capitão Alden e Talita Oliveira), ela afirma ser a representante oficial de Bolsonaro no estado.
“Estamos querendo abraçar outras pessoas, mas dizer que está com Bolsonaro só por dizer, a gente não aceita. Temos reuniões previstas, já estamos conversando com algumas lideranças e a gente vai estar anunciando a qualquer momento. Também temos pressa, afinal, o Brasil está um caos”, afirma.
Base – Ainda que a presidente estadual do PSL não confirme os nomes, o Correio conversou com figuras que dizem estar com Jair Bolsonaro ou que defenderam a candidatura do presidente eleito ao longo da campanha. Entre os deputados estaduais eleitos pelo PSL, o Capitão Alden, que teve 39.372 votos – o 58º deputado a entrar, de 63 -, diz que aguarda a reunião com a presidente para alinhar quem será a base de Bolsonaro no estado.
Alden, que é policial militar lotado no Departamento de Pessoal, defende pautas sobre a redução da violência. “Na verdade, a gente vai tentar adequar as pautas nacionais para o estado. Temos um dos maiores índices de violência do país e existe um erro dos gestores que é tratar segurança pública apenas do âmbito da polícia, mas é um conjunto de ações”, defendeu ele, que também rechaça possibilidades de retaliação aos baianos.