*Macrodrenagem do Baixo Trobogy melhora também mobilidade e preserva meio ambiente*
A região do canal do Baixo Trobogy, que atinge os bairros de Patamares da Paz desde a Avenida Luiz Viana Filho (Paralela) até o Clube do Ses, foi alvo de uma grande ação de macrodrenagem promovida pela Prefeitura que vai acabar com os constantes alagamentos na região, assim como melhorar a mobilidade e a preservação ambiental de uma das principais bacias de Salvador. A entrega da macrodrenagem e urbanização do Baixo Trobogy foi feita nesta sexta-feira (14) pelo prefeito ACM Neto, acompanhado do secretário Almir Melo (Infraestrutura), demais autoridades e imprensa.
A bordo do Salvador Bus, foram apresentadas algumas das intervenções realizadas. “Esta é uma obra que vai acabar definitivamente com os alagamentos pelos próximos 50 anos. Além disso, foi feito todo um trabalho de mobilidade em 4,5km de avenidas, com alargamento de pista e de passeios, implantação de ciclovia, de pontilhões, de paisagismo e nova iluminação, tornando-se assim mais um acesso para quem segue pela Paralela em direção à orla. Foi feita, ainda, a recuperação ambiental dos rios e das lagoas, dentre elas a do Vale Encantado. Foram quase R$100 milhões investidos aqui, com parte dos recursos oriundos do governo federal”, afirmou o prefeito.
Ele aproveitou para explicar a situação da Avenida Tamburugy, que ainda não foi aberta ao tráfego devido a um impasse com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), referente a questões ambientais. “Acredito que, com toda essa intervenção feita aqui, inclusive com o compromisso nosso de implantar o Parque do Vale Encantado, já não há mais motivo para que o embargo seja mantido pelo Ministério Público”, completou ACM Neto.
Avanços – Realizadas pela Prefeitura através de convênio com o Ministério das Cidades, no valor de R$94,4 milhões, as intervenções englobaram a requalificação, dragagem e recuperação ambiental dos rios Trobogy e Passa Vaca, além de escoamento de água da lagoa da Paralela e recuperação do espelho d’água da lagoa do Vale Encantado.
Integrante do Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais – PAC Prevenção e com duração de três anos, a obra foi executada pelo Consórcio Baixo Trobogy, vencedor da licitação, sob a coordenação da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra). A intenção foi acabar com os constantes alagamentos na região da bacia, na Avenida Luís Viana Filho (Paralela), que sofria forte assoreamento devido principalmente às construções nas proximidades dos rios e lagoas, sujeira e degradação da mata ciliar.
Além disso, a medida também envolveu a recuperação ambiental da localidade, principalmente no Rio Trobogy e na área do Vale Encantado, através do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). O plano foi uma exigência da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), através de recomendação do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), que também acompanhou as obras.
Na parte urbanística, foram implantados 4,6km de passeios, com largura de 1,5m, e de 4km de ciclovia com 3m de largura. Foi recuperado também 3,5km de rede de microdrenagem, 26 mil m2 de pavimentação asfáltica e execução de uma ponte de concreto armado, com largura de 20m, sobre o Rio Passa Vaca.
“Toda vez que chovia, a lagoa transbordava e alagava a Avenida Paralela, causando transtornos. Esta é uma obra importante de macrodrenagem, de pavimentação e recuperação ambiental do entorno do canal que trará eficiência tanto para a mobilidade, como para a drenagem de toda a região”, afirmou o titular da Seinfra, Almir Melo.
Etapas – As intervenções abrangeram o trecho do Rio Trobogy entre o Shopping Paralela e o Clube do Sesc, em Patamares, e foram divididas em quatro etapas. A primeira delas envolveu lagoa da Paralela, localizada defronte ao shopping e à FTC. Em períodos de fortes chuvas, o nível da lagoa chegava a subir quatro metros e a água invadia a pista, no sentido Centro. A solução foi desobstruir o vertedouro da lagoa, que passa por baixo do canteiro central da via, para que o volume excedente possa desembocar naturalmente no Rio Trobogy.
A segunda etapa foi feita no Rio Trobogy, cujo assoreamento já resultava em trechos com apenas 1,5m de profundidade. Além da limpeza e dragagem, que promoveu a abertura e ampliou a profundidade para até 18m, também foi feita a recuperação da calha do canal, concretada com geocélula, e do leito do rio, que foi “forrado” com pedras. Nas duas margens, foi feita a recuperação da mata ciliar, com plantio de mais de 2 mil mudas de árvores nativas da região. Em toda a obra, foi recomposta uma área de 26 mil m2 de mata ciliar.
A Lagoa do Parque Encantado foi o alvo da terceira etapa da obra. Isso porque, ao também sofrer assoreamento, não conseguia acumular suficientemente a água no período chuvoso – situação que resultava nos constantes alagamentos em Patamares. Além disso, em tempos de estiagem, o espelho d’água quase desaparecia – era possível andar pelo meio da lagoa, devido à quantidade de terra presente no fundo, além de forte presença de vegetação não-nativa.
A solução englobou o desassoreamento, com aumento da profundidade em 2m, retirada de esgoto que era despejado no local e implantação de barramento para reter parte da água, garantindo assim a preservação do espelho d’água e da vida da lagoa. Foi realizada, ainda, recuperação da mata ciliar da lagoa.
A quarta e última etapa teve como foco o Rio Passa Vaca, que passa nas imediações da Escola Panamericana, em Patamares. A situação antes do local era de duas manilhas bloqueadas por material de obras irregulares, vegetação e terra. Foi feita, então, a substituição das manilhas por uma grande galeria, além de dragagem que ampliou a profundidade do rio de 1,5m para 10m, facilitando assim a passagem da água.
Reuniões – Para a realização da obra, foram realizadas reuniões com moradores da região do Rio Trobogy para informar sobre as intervenções a serem realizadas na região. Um dos participantes é o empresário rural Eloy Amoedo, que foi um dos primeiros moradores a chegar ao Vale Encantado, em 1980. Ele contou que a região parecia uma grande fazenda, bastante isolada e com forte presença da natureza.
Inclusive, o nome Vale Encantado surgiu devido a uma situação vivida por Amoedo: ao andar por uma trilha, encontrou uma senhora negra e vestida de azul e branco, que o expulsou do local afirmando ser a dona do lugar – ela sumiu da vista dele minutos depois. “Quando estávamos tentando dar nome ao parque, veio a lembrança desse acontecido, que foi algo encantado”, pontuou.
O morador afirmou que a intervenção é importante, porque envolve também a preservação ambiental da área, que vem perdendo espaço para os empreendimentos imobiliários. “A limpeza e a drenagem da região são importantes para aqui não ficar transbordando. A Prefeitura informou que seria feita a drenagem nessa parte do rio, que estava assoreado e que era importante manter a mata ciliar. Achei maravilhosa a obra e a única ressalva é com relação à utilização do concreto no canal, pois temos receio que, com o tempo, as máquinas que farão a limpeza possam quebrá-lo e, assim, prejudicar a passagem da água”, salientou.
Foto: Divulgação/SECOM-PMS