Pela terceira noite consecutiva, o Ceará sofre uma onda de ataques criminosos criminosos em vários pontos da cidade de Fortaleza e no interior, na noite desta sexta-feira (4) e madrugada de sábado (5). Os crimes ocorreram mesmo após a chegada de agentes da Força Nacional, enviadas ao Ceará por autorização do ministro da Justiça, Sérgio Moro.
O número de ataques criminosos chegou a 71, desde o inÃcio da onda de violência até este sábado. Bandidos queimaram veÃculos do transporte público; carros de particulares e concessionárias; e atacaram diversos prédios públicos, como bancos, delegacias e prefeituras. Uma bomba foi explodida na coluna de um viaduto na BR-020, em Caucaia, mas o equipamento passou por obras e não corre o risco de desabar. Segundo a Secretaria da Segurança do Ceará, 50 suspeitos foram detidos desde quarta-feira, entre adultos e adolescentes. Um casal de idosos e um motorista ficaram feridos até o momento.
A equipe da Força Nacional chegou a Fortaleza na noite de sexta-feira, mas só deve atuar nas ruas a partir deste sábado para apoiar as forças de segurança estaduais no combate aos ataques. Por volta das 20h30, a primeira aeronave, Hércules, chegou trazendo aproximadamente 50 homens. Cerca de 200 agentes, vindos de avião, também já desembarcaram na capital cearense durante a madrugada. Outros 98 agentes da Força Nacional vieram dos estados de Sergipe e Rio Grande do Norte.
O Secretário da Segurança, delegado André Costa, afirmou que foram enviadas equipes da PolÃcia Civil para o interior da Casa de Privação Provisória de Liberdade 3 (CPPL 3), em Itaitinga, onde mais de 250 detentos devem ser autuados por envolvimento em distúrbios na unidade prisional. Até o fim da tarde de sexta-feira, 72 internos foram autuados por desobediência, resistência e motim. A polÃcia não confirmou se a ordem para os atentados no estado ocorreu de dentro do presÃdio.
O presidente do Conselho Penitenciário do Estado do Ceará, Cláudio Justa, acredita que os atentados são represália à fala do novo secretário de Administração Penitenciária (SAP), LuÃs Mauro Albuquerque, que afirmou que “o Estado não deve reconhecer facção” em presÃdio. LuÃs Mauro ainda se posicionou contra a separação de detentos por facção criminosa nas unidades prisionais do Estado e disse que a fiscalização nas unidades será mais rigorosa.
De acordo com uma fonte do Serviço de Inteligência da Secretaria da Segurança ouvida pelo G1, membros de duas facções rivais fizeram um “pacto de união”, com o objetivo de “concentrar as forças contra o Estado”.
A ordem dos ataques partiu de um detento da Unidade Prisional Agente Luciano Andrade Lima (antiga CPPL I), na tarde de quarta-feira, ainda segundo a fonte do Serviço de Inteligência. No dia seguinte, agentes penitenciários fizeram uma vistoria “surpresa” na unidade, o que resultou em um motim dos presidiários. A revolta foi controlada no mesmo dia e nenhum detento fugiu.