25 de novembro de 2024
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Mais de 14 mil pessoas já visitaram a Casa do Carnaval da Bahia

Mais de 14 mil pessoas já visitaram a Casa do Carnaval da Bahia

Ao assistir o clipe “Chamando Gente” e ouvir a música “Chame Gente”, de Moraes Moreira, o chileno Alfonso Traub fez questão de buscar a canção na internet e imediatamente adicionar na playlist do celular. Ao lado da esposa e dois filhos, ele se encantou com a experiência vivida na Casa do Carnaval da Bahia, situada entre o Terreiro de Jesus e a Praça da Sé, no Centro Histórico de Salvador.

“Esse vídeo resume o que é o Carnaval de Salvador”, disse ele, que até então só conhecia a festa por meio da internet. A família, que veio à capital baiana pela primeira vez, fez questão de priorizar a visitação ao local. “Estávamos ansiosos, foi um dos nossos primeiros passeios”, comentou a esposa Jucith Mendonza.

Assim como a família de chilenos, quem vai ao Pelourinho hoje para conhecer a rica cultura e arquitetura da região, presente nos casarões que abrigam ateliês, lojas, centros culturais, bares, restaurantes e pousadas, não pode deixar de dar uma passada no primeiro museu dedicado exclusivamente à maior festa de rua do planeta. Prestes a completar um ano de funcionamento, o espaço recebeu 14.270 visitantes pagantes entre março e dezembro do ano passado. Desse montante, 9.222 pessoas que frequentaram o local foram da capital baiana, 2.985 vieram de outros estados brasileiros e mais 2.063 foram turistas estrangeiros. O quantitativo cresce ainda mais quando somado com as 3.375 pessoas que visitaram o equipamento no mês da inauguração, em fevereiro de 2018, quando a entrada foi gratuita.

A interatividade com a história do Carnaval, viabilizada por meio de diversos recursos de áudio e multimídia espalhados nos pavimentos, chamou atenção do argentino Bruno Fabrício Ruiz, 39 anos. “Nunca tinha visto um museu assim em nenhum lugar do mundo”, afirmou o estrangeiro, que vive no norte da Argentina. Amante e conhecedor das festas de rua de todo mundo, ele diz que a Casa retrata fielmente o Carnaval de Salvador. “Conhecemos festa na Bolívia, Uruguai, nos Estados Unidos e em nenhum lugar do mundo tem um acervo tão impressionante e interativo como esse. Me senti no Carnaval da Bahia”, ele, que pretende conhecer a festa em 2020.

Reconhecimento – O sucesso é tanto que com apenas 10 meses de funcionamento, a Casa do Carnaval chegou a ser reconhecida nacionalmente e ficou em segundo lugar na categoria “Valorização do Patrimônio pelo Turismo”, durante a primeira edição do Prêmio Nacional de Turismo, realizada no Rio de Janeiro, em dezembro passado. “O lugar se transformou num dos principais atrativos turísticos da cidade, atraindo o soteropolitano, ou seja, o público local, em virtude da inovação, mas acima de tudo pela força do Carnaval. A casa conseguiu reunir um acervo tanto físico quanto digital, muito extenso e riquíssimo do ponto de vista da história da festa. E isso atrai público da cidade que, mesmo hoje vivendo os dias de festa, não tem a compreensão de toda a história, que tem origem em movimentos culturais e sociais antigos”, destaca o secretário de Cultura e Turismo, Claudio Tinoco.

Conheça, sinta e ouça – No andar térreo do prédio da Casa do Carnaval da Bahia, é possível encontrar à disposição uma biblioteca de livros relacionados à festa, a Salvador, suas artes e tradições. Ainda neste piso, as salas da Criatividade e dos Ritmos do Carnaval da Bahia apresentam a diversidade presente no Carnaval baiano. Há também 200 bonecos feitos de cerâmica que representam figuras típicas da folia. Com luzes, refletores e fitas de LED, a proposta do espaço é remeter à vibração da festa. Ao som de músicas características da folia, o visitante tem acesso a diversas vitrines com objetos pessoais e inéditos cedidos por artistas, tais como vestuário, adereços e instrumentos. Após viver a experiência no espaço interativo, a espanhola Cláudia Benraran, que estava em companhia do mestre de capoeira baiano, Neri Lima, deu como certa a volta a Salvador para o Carnaval do próximo ano. “Quero sentir na pele, na rua”, disse encantada.

Já no primeiro andar ficam as duas salas do Cinema Interativo, onde o visitante escolhe um adereço disponível para caracterização, assiste uma seleção de três vídeos e é estimulado a dançar as coreografias de blocos e bandas, orientados por monitores dançarinos. O objetivo é possibilitar uma experiência única e emocionante como bem manda a magia da música e dos ritmos do Carnaval da Bahia. Quem é da terra também se encanta. Foi o caso da professora Idalice Simone Santos, 50 anos, que esteve na Casa pela primeira vez. Visivelmente emocionada, ela resume.

“Uma viagem no tempo, quem viveu e vive no Carnaval da Bahia sabe o que estou sentindo agora. Além disso, a Casa mantem viva a história da festa para ser contada e sentida pela juventude de hoje”, salientou. O último pavimento é o Terraço do Samba, no segundo piso, que conta com mobiliário típico das festas de rua da capital baiana, oferecendo, além de uma estrutura de apoio para eventos, uma belíssima vista da Baía de Todos-os-Santos.

Administrada pela Secult, a Casa do Carnaval foi inaugurada em 5 de fevereiro de 2018, com investimento de cerca de R$ 6 milhões. Antes, o imóvel abrigava a antiga Casa do Frontispício, e foi restaurado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para receber o museu. A curadoria do projeto é do artista, designer e cenógrafo Gringo Cardia, juntamente com o professor doutor em Cultura Contemporânea e vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Miguez, um dos maiores especialistas nos estudos sobre a festa, além de um amplo grupo de artistas e pesquisadores como Jonga Cunha e Bete Capinan, que também contribuíram para a concepção do espaço.

As visitações podem ser feitas de terça a domingo, das 11h às 19h. A entrada custa R$30 inteira e R$15 para estudantes, idosos a partir de 60 anos, portadores de necessidades especiais e acompanhantes. Aliás, desde o período em que a Casa do Carnaval está em atividade já recebeu a visita de 2.543 estudantes pagantes. Vale destacar, no entanto, que alunos de escolas públicas municipais, estaduais e projetos sociais têm entrada gratuita.

Foto: Divulgação/SECOM-PMS




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