Os protestos contra o presidente Nicolás Maduro na Venezuela já deixaram 16 mortos entre terça e a noite desta quarta-feira (23), denunciou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). A maioria das vÃtimas foi atingida por armas de fogo na capital Caracas e nos estados de Táchira, Barinas, Portuguesa, Amazonas e em BolÃvar, este na fronteira com o Brasil. As mortes foram registradas principalmente em bairros pobres da capital e no interior do paÃs, em reação violenta das forças de segurança que não foi registrada durante as grandes manifestações opositoras da tarde de quarta.
Segundo a ONG Observatório do Conflito Social, cujo boletim mais recente cita 13 mortos, a maioria das vÃtimas foi baleada. O portal venezuelano Efecto Cocuyo reportou que houve violência em protestos em Palo Verde, Petare, Catia e San MartÃn, todos favelas e bairros pobres de Caracas, na noite desta quarta-feira. A situação mais crÃtica ocorreu no fechamento do elevado de Palo Verde, depois que, segundo policiais, grupos armados deixaram os bairros das redondezas e abriram fogo. O tiroteio se estendeu até 22h30 (20h30 de BrasÃlia), segundo o portal. Duas granadas foram lançadas no bairro José Félix Ribas — apenas uma explodiu.
Além dos enfrentamentos, a mÃdia venezuelana destaca que houve saques ao comércio. Um supermercado de La Venga e lojas de Las Adjuntas e da avenida San MartÃn foram alvo. Para reprimir os protestos, foram à s ruas agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), das Forças de Ações Especiais (Faes), da PolÃcia Nacional Bolivariana (PNB) e da Guarda Nacional Bolivariana — principal base interna de apoio de Maduro, os militares haviam sido convocados pela oposição a não reagirem com violência contra os manifestantes.
Os episódios em que foram registrados mortes ocorreram antes e depois das grandes marchas contra Maduro convocadas pela oposição, que não reconhece o novo mandato do presidente, para o qual ele tomou posse no dia 10. Durante as marchas de quarta-feira, que não foram reprimidas, o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, declarou-se presidente interino e foi assim reconhecido por 13 paÃses, incluindo o Brasil e os Estados Unidos. Já Maduro prometeu resistir no poder e rompeu relações diplomáticas com os Estados Unidos.