Um levantamento global elaborado pela Grant Thornton mostrou que de 23º país mais otimista entre 35 economias no segundo trimestre de 2018, o Brasil pulou para a 5ª colocação, ficando atrás apenas da Irlanda, Finlândia, Nova Zelândia e Índia. O estudo revela o grau de otimismo dos empresários com relação ao futuro dos negócios a partir da análise de diversos indicadores para os próximos 12 meses e na América Latina o Brasil se destacou com um crescimento no otimismo de 28% para 66%.
Uma das justificativas para o aumento da confiança são os planos do novo governo, que atraem olhares de investidores estrangeiros. Para o administrador Ricardo Hiraki Maila, o grande fator é a entrada um governo liberal que tem propostas de mudanças que tendem a favorecer a retomada do crescimento. “São propostas muito bem vistas pelos empresários e economistas. O governo pretende trazer um reequilíbrio no orçamento público, o que atrai investimentos externos”, argumenta.
Na visão de Daniel Maranhão, managing partner da Grant Thornton Brasil, “a partir da aprovação de reformas importantes e por meio de iniciativas de redução de custos da máquina pública, potenciais mudanças regulatórias, manutenção do combate à corrupção e perspectivas no aumento de concessões e privatizações, entre outros, levaram ao aumento do otimismo dos empresários potencializando a retomada de novos investimentos e transações de fusões e aquisições”.
Os principais indicadores que atestam esse movimento são 47% dos empresários sinalizando investimentos em novas instalações, um aumento de 31 pontos percentuais, e 56% em pesquisa e desenvolvimento.
“Considero e espero que 2018 tenha sido o fim de um ciclo de grandes dificuldades iniciado em 2014. O estrago foi grande, o nível de confiança para realizar novos investimentos caiu significativamente, o desemprego atingiu níveis alarmantes e os negócios pararam. Chegamos literalmente ao fundo do poço, mas a nossa visão é que 2018 ficará na história como o ano que representou o fim deste ciclo. O bom senso dos brasileiros prevaleceu nas últimas eleições”, opina o empresário Marcelo Lico, sócio-fundador da Crowe.
Ainda de acordo com o estudo, nos próximos doze meses, o investimento em tecnologia é considerado prioritário para 62% das empresas. Apesar disso, 52% das empresas demonstram preocupação com a falta de profissionais qualificados em ocupar cargos que demandam habilidades digitais no Brasil.
A coach de alta performance representante da LeaderArt International, Leila Arruda, orienta que é preciso conhecer quais são as características que os superiores pedem para aquela vaga. “Como a tecnologia muda muito rápido, os profissionais precisam estudar na mesma velocidade dessa mudança, e nem sempre isso é possível. Por isso, o indicado para o atuante da área é nunca parar, buscando sempre um curso, um mentor, uma nova linguagem para aprender. Dessa forma, nunca se tornará obsoleto e poderá atender as demandas do mercado”, argumenta.
Pequenos empresários – Outra pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostrou que com a melhora da confiança, 41% dos micro e pequenos empresários devem investir mais em 2019. O levantamento revelou ainda que a intenção de tomar crédito também avançou 16% em janeiro deste ano, ante o mesmo mês do ano anterior.
O impacto provocado pelas micro e pequenas empresas é bastante significativo, uma vez que os pequenos negócios representam 27% do PIB brasileiro, 44,1% da massa salarial das empresas, 54% dos empregos com carteira assinada e 98,5% das empresas privadas.
Segundo o economista e professor do UniRuy | Wyden, Raimundo Sousa, há um aumento tímido da confiança de pequenos empresários. “Isso pode ser enxergado de forma parcial, tendo em vista que a maioria ainda age de forma muito cautelosa, uma vez que ainda não tivemos uma total recuperação dos efeitos da crise econômica, o que vem ocorrendo de uma maneira lenta”, opina.
A sondagem procurou saber o que os brasileiros esperam sobre o futuro da economia e de suas finanças. De acordo com o levantamento, 34% dos brasileiros estão otimistas a economia para os próximos meses, enquanto outros 34% se mantêm neutros. Entre os que acreditam na retomada da economia, 43% não souberam dizer ao certo a razão. Para 40%, esse clima de otimismo está ligado ao fato de o cenário político se mostrar mais favorável, 12% atribuem à percepção de queda do desemprego e 11% por enxergarem uma estabilização nos preços.