Suposto líder dos hackers presos pela Polícia Federal, Walter Delgatti Neto, o Vermelho’, explicou, em depoimento nesta sexta-feira (25), como conseguiu o contato de Glenn Greenwald. De acordo com o hacker, foi Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), ex-deputada e ex-candidata à vice-presidente em 2018 na chapa com Haddad, quem fez a “ponte”.
Ele diz ter procurado a ex-deputada, que desconfiou de seu relato sobre o hackeamento, e que chegou a enviar um áudio de procuradores da Lava Jato para convencê-la de que obteve o material.
Segundo ‘Vermelho’, após o contato com Manuela, o jornalista teria entrado em contato com ele afirmando que as conversas são de interesse público.
No depoimento, Walter contou que conseguiu o contato de Manuela através de uma lista de contatos do Telegram de Dilma Rousseff. Já o telefone da ex-presidenta foi obtido pelo celular do ex-governador do Rio de Janeiro, Pezão. Ele não detalhou a maneira com a qual teve acesso ao celular do ex-mandatário carioca.
Não remunerado – No depoimento, ‘Vermelho’ também voltou a afirmar que passou as conversas da ‘Vaza jato’ de maneira não remunerada a Glenn, que as divulgou no ‘Intercept’. O hacker diz acreditar que as mensagens de Telegram não podem ser alteradas em razão do ‘formato’ do aplicativo.
Segundo ‘Vermelho’, em março de 2019, ele teria descoberto a maneira com a qual hackeou autoridades. Neste depoimento, Delgatti diz ter invadido o aplicativo Telegram de um promotor de Araraquara que o denunciou por tráfico, envolvendo apreensão de remédios em sua casa.
A partir da conta do promotor, acessou um grupo de Procuradores da República. Em seguida, teria acessado o ex-procurador-geral Rodrigo Janot, e, em seguida, de três procuradores da força-tarefa da Lava Jato, como o coordenador Deltan Dallagnol.
No depoimento, segundo a Globonews, ‘Vermelho’ declarou que não editou o conteúdo das contas de Telegram que teve acesso. À PF, ele disse que a partir da agenda do Telegram do procurador Deltan Dallagnol, teve acesso aos números telefônicos do ministro Sérgio Moro, do desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), Abel Gomes, e do juiz federal Flávio Lucas, da 18ª Vara Federal do Rio. ‘Vermelho’ afirmou que não acessou o conteúdo do Telegram de Sérgio Moro e dos magistrados federais.