A divulgação nesta sexta-feira (26), pela Folha de S.Paulo, de conteúdo da delação de Jorge Luz, obtido em mensagens roubadas à Lava Jato, prejudica as investigações envolvendo a contratação da Neoway pela BR Distribuidora, por intermediação do lobista.
A avaliação foi feita pela juíza Gabriela Hardt ao retirar o sigilo do pedido de Deltan Dallagnol para se afastar da investigação por ter sido contratado pela Neoway para uma palestra.
“A publicização de investigação pendente acarretará notório prejuízo às apurações, eventual prejuízo à colheita de provas, à recuperação de ativos criminosos e à punição de pessoas envolvidas em crimes”, escreveu a juíza de Curitiba.
A Folha diz que examinou documentos da delação anexados nas mensagens, ao noticiar hoje a contratação de Deltan pela Neoway — após descobrir que a empresa foi citada, ele se afastou.
“No caso, é nítido que quem perde com a publicização é a sociedade”, escreveu a juíza, ao determinar que o despacho fosse enviado ao jornal ainda ontem, antes da publicação da reportagem.
O site O Antagonista informa que o alerta foi enviado ontem ao jornal, antes da publicação. Hardt foi avisada anteontem sobre a reportagem pelo Ministério Público Federal e registrou que esperava que o jornal não publicasse o material “por princípios éticos”.
“Quero crer que por princípios éticos — antes de qualquer elucubração a respeito de eventual crime pela divulgação de dado eventualmente obtido por meios ilícitos — o órgão de imprensa mencionado deixe de publicar os dados da presente investigação.”