O cenário cultural de Salvador ganhou, na noite desta segunda-feira (7), mais um importante local para manifestação de diversas expressões artísticas a serem apreciadas pela população. Criado pela Prefeitura, o Quarteirão das Artes – que abriga o Espaço Cultural da Barroquinha e o Teatro Gregório de Mattos, além do Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha – foi concretizado com mais três estruturas: a nova sede da Fundação Gregório de Mattos (FGM), o Espaço Cultural Boca de Brasa e o Café Teatro Nilda Spencer, todos localizados na Ladeira da Barroquinha, no Centro.
Abrilhantada pelo som do afoxé Filhos do Congo e por um grupo de baianas, a cerimônia de entrega do complexo cultural teve as presenças do prefeito ACM Neto e do vice e secretário de Obras Públicas (Seinfra), Bruno Reis. Também estiveram no evento a presidente nacional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, e o presidente da FGM, Fernando Guerreiro, dentre outras autoridades e integrantes do meio artístico da capital baiana.
O prefeito lembrou que a mudança de relacionamento com o Iphan nos últimos anos ajudou bastante na preservação da história e cultura de Salvador e que o Quarteirão das Artes é um grande esforço municipal para valorizar o Centro Histórico soteropolitano. “Está sendo feita uma ação completa no Centro da cidade. A grande mudança da política da gestão para o Centro Histórico é olhar para os mais diversos aspectos, que vão desde a garantia da mudança dos órgãos municipais para a região, a entrega de equipamentos culturais e as obras de infraestrutura importantes que estão sendo feitas”, afirmou ACM Neto.
“Além disso, também trazendo coisas que vão gerar emprego, como o Polo de Economia Criativa e o Hub Salvador. Tudo isso é importante para valorizar essa região turística e para se desdobrar em investimentos privados. A perspectiva é a melhor possível para os próximos anos e é um importante legado de transformação urbanística, econômica e social para a cidade”, completou o gestor.
Estrutura – A nova sede da Fundação foi erguida no antigo Hotel Castro Alves, com obras que envolveram a recuperação da fachada e adaptação para diversos ambientes. A nova estrutura administrativa da FGM, por exemplo, tem três pavimentos e deixará de funcionar na Rua Chile. Já o Espaço Cultural Boca de Brasa possui duas salas de ensaio e sala multiuso, que poderá funcionar como auditório e para reuniões do Conselho Municipal de Políticas Culturais e do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.
Ao lado da sede administrativa da fundação está o Café-Teatro Nilda Spencer, com imagens e referências em homenagem a uma das grandes damas do teatro baiano, falecida em 2008. “Está sendo entregue hoje o maior complexo cultural do estado, considerando que aqui estão cinema, livraria, teatro e café-teatro, dentre outros ambientes. Enfim, esses equipamentos são de vocês. Vamos aproveitar bastante”, afirmou Guerreiro.
Investimento – Executadas pelo Iphan, autarquia do Ministério da Cidadania, as obras somam R$ 8,9 milhões em investimentos do governo federal e mais R$ 1,5 milhão da Prefeitura na desapropriação dos imóveis. “Esse é um quarteirão que vai respirar cultura e tudo o que a Bahia é. Isso é economia criativa na veia, geração de emprego, mostrando para o mundo que nós temos de melhor. É algo para se orgulhar e nos deixa muitos felizes. O que o Iphan puder fazer para ajudar a cidade, estamos à disposição”, afirmou Kátia Bogéa.
O vice-prefeito e titular da Seinfra ressaltou que o Quarteirão das Artes faz parte da série de 38 ações municipais que somam mais de R$300 milhões, por meio do programa Salvador 360, eixo Centro Histórico, e é integrante do #VemproCentro, programa de valorização de uma das áreas mais importantes da capital. “São obras que as pessoas não acreditavam mais e que, agora, estão se tornando realidade e mudando a cara do Centro Histórico”, pontuou.
Expectativa – O novo Quarteirão das Artes foi foco de admiração e expectativa positiva dos profissionais da área cultural. “Vejo a construção desse espaço como um passo importante e estratégico no ponto de vista da urbanidade. A partir do momento em que você fortalece o Centro com uma série de ações, repovoando com espaços culturais, ressignifica a região, que é o filé da cidade de Salvador”, afirmou o arquiteto e diretor teatral Edmar Passos.
“Salvador está recebendo essa nova sede da FGM que é mais do que merecida e esperada, principalmente porque a cidade é carente de espaços como salas para ensaio e para desenvolvimento de trabalhos artísticos. Receber isso com essa estrutura e chancela da FGM é maravilhoso. Isso mostra o respeito pela nossa cultura, artistas e produção que aqui estão, além de poder melhorar os nossos produtos artísticos, ajudando a qualificar e profissionalizar essas produções”, destacou a administradora e produtora cultural Simone Carrera.
Origem – Antiga propriedade da então Associação de Caixeiros Viajantes da Bahia, o casarão que abrigou o Hotel Castro Alves foi referência durante muitos anos como integrante do complexo de leitos existentes na região central de Salvador que, até os anos 1970, era considerada a área comercial mais chique da cidade. No entanto, a mudança do centro econômico para a região da Avenida Tancredo Neves, nos anos 1980, resultou no clima de degradação do hotel.
A estrutura foi quase completamente arruinada após desabamento e incêndio, ocorridos em 2008. Nessa época, o empreendimento já estava com as atividades encerradas e o prédio foi isolado pela Prefeitura. A decisão de recuperação do imóvel pelo Iphan ocorreu em 2015.
Foto: Max Haack/Secom-PMS