Em reunião extraordinária realizada nesta segunda-feira (16), o Conselho Municipal de Turismo de Salvador (Comtur) decidiu enviar uma carta ao Ministério da Saúde solicitando a tomada de medidas emergenciais para o enfrentamento do novo coronavírus (Covid-19) na capital baiana. Dentre as providências está a triagem, colhimento de informações e o monitoramento de passageiros no Aeroporto Internacional de Salvador.
A medida deve ser determinada pelo Ministério da Saúde através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Após reunião, o Comtur sugeriu três ações imediatas: o maior controle nos portões de entrada do país (como aeroportos e portos); a adoção de medidas para mitigar o impacto financeiro nas empresas e a necessidade de uma estratégia de comunicação associada ao turismo.
Os representantes do setor de turismo se preocupam com o impacto financeiro das medidas de isolamento social. De acordo com nota da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), os meios de hospedagem de Salvador registraram uma queda de cerca de 30% no número de reservas na última semana. Já a movimentação em bares e restaurantes atingiu uma queda de 50%.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA), Luciano Lopes afirma que a redução no número de reservas deve ser ainda maior nos próximos dias, mas ainda não é possível fazer uma previsão do impacto da enfermidade viral no setor devido à imprevisibilidade dos fatos. “Tudo está sendo atualizado quase a cada minuto porque os impactos são em toda a economia. A tendência é aumento dos cancelamentos em função das ações restritivas que são tomada pelas entidades. Não tem como estabelecer uma precisão sobre o que vai acontecer porque é uma situação crítica”, ponderou.
O presidente da Salvador Destination, Roberto Duran, ressaltou que o setor turístico é o primeiro a sofrer os impactos de uma crise e o último a sair dela. “O turismo será o mais afetado dentre as atividades econômicas. Solicitamos as medidas para resguardar a saúde e, por consequência, retomar as atividades econômicas de forma mais rápida”, pontuou, sem deixar de ressaltar a importância do afastamento social no combate ao quadro do vírus.
Ainda segundo Duran, o setor de turismo deve ficar inoperante por até 90 dias – prazo inicial do decreto municipal que proíbe a realização de eventos em Salvador com 500 pessoas ou mais. “Todos os eventos foram cancelados. Em qualquer plataforma de venda não é possível reservar hotel. Os turistas que estão aqui vão embora e a cada dia que passa a ocupação vai caindo”, afirmou.
“O nosso pronunciamento é no sentido de que o governo federal, o Ministério da Saúde, incorpore recomendações dos diversos setores do Turismo. Que eles mantenham a receptividade das recomendações dos setores que podem servir para futuras decisões. Outro assunto que deve ser debatido é o impacto financeiro nas empresas. Devemos recepcionar as inquietações dos setores para pensar em soluções objetivas. Além disso, temos que ampliar a comunicação, tanto para evitar fake news e compartilhar informações corretas, como para pensar já nos efeitos para o turismo e da promoção turística de Salvador”, afirmou o presidente do Comtur e secretário de Cultura e Turismo, Claudio Tinoco.
A carta é elaborada em conjunto nesta segunda e deve ser encaminhada aos o governos federal, estadual e municipal públicos até a próxima quarta-feira (18).