A luta contra o novo coronavírus está custando caro aos cofres públicos. O governo do estado anunciou, nesta terça-feira (17), que recebeu R$ 33 milhões do governo federal para usar no enfrentamento ao problema. O valor está bem longe de R$ 1 bilhão, montante solicitado pelos secretários de saúde dos estados, e na Bahia será usado para cobrir as despesas que já foram feitas e para comprar novos equipamentos.
Nesta terça (17), foi inaugurada a Central Integrada de Comando e Controle da Saúde do Estado da Bahia, no Centro Administrativo da Bahia (CAB). O prédio novo fica atrás da sede da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) e vai abrigar também a Central Estadual de Regulação. Na entrada, seguranças limitavam a quantidade de pessoas com acesso para evitar aglomeração. Apenas um repórter foi permitido por equipe e os assessores dos deputados que foram acompanhar a inauguração não puderam entrar.
O governador Rui Costa (PT) chegou no meio da manhã e visitou as salas e corredores da unidade. Depois, durante uma entrevista coletiva, comentou o repasse feito pelo governo federal e criticou a quantia.
“Recebemos R$ 33 milhões, o que é absolutamente insuficiente. Só para lembrar, no ano passado, nós deixamos de receber do Ministério da Saúde R$ 200 milhões. São serviços que estão funcionando, mas que o Ministério ainda não credenciou, como o Hospital Costa do Cacau, o Hospital da Chapada, o HGE Novo e o Hospital da Mulher. Como eles não foram credenciados, o SUS não está passando recursos e o estado da Bahia está arcando com o funcionamento sozinho”, disse.
O secretário da Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas, informou que os R$ 33 milhões recebidos nesta serão usados para pagar despesas já realizadas pelo governo do estado e para a aquisição de novos equipamentos. Ele disse que foram investidos pelo estado cerca de R$ 10 milhões em ações preventivas e no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), que realiza 100 exames de Covid-19 por dia.
“Vamos inaugurar em abril o prédio novo do Lacen, que foi construído rapidamente para poder ampliar a capacidade de processamento, com novos equipamentos e extremamente modernos. Somos um dos poucos laboratórios técnicos do Brasil a oferecer um painel rápido para excluir 21 vírus respiratórios, com resultado em duas horas, e fomos um dos primeiros laboratórios estaduais autorizados a fazer exames do Covid-19”, disse.
Ele também criticou o montante recebido, mas acredita que novos recursos serão encaminhados nas próximas semanas. “Fui eu quem pediu, através do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde, um valor de R$ 5 por habitante no Brasil. Isso dá R$ 1 bilhão. O governo está liberando nesse momento metade do recurso, R$ 2 por habitante. Isso dá para a Bahia apenas R$ 30 milhões. Isso é muito pouco, mas há o compromisso do ministro de que não vai faltar recurso. Vamos ver nas próximas semanas como esse fluxo financeiro vai se fazer”, disse.
Central – A Central inaugurada nesta terça-feira vai abrigar também o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES), responsável pela coordenação das ações de combate ao novo coronavírus.
O investimento foi de mais de R$ 13 milhões, sendo R$ 9,1 milhões na estrutura física e cerca de R$ 4 milhões em equipamentos. O empreendimento foi financiado pelo Programa de Fortalecimento do Sistema Único de Saúde na Região Metropolitana de Salvador (PROSUS), com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). São três pavimentos, em mais de 2,3 mil metros quadrados.
Na prática, a Central deve ajudar a agilizar os atendimentos na saúde. Ela vai abrigar a Central Estadual de Regulação (CER), englobando pedidos de exames, avaliações com especialistas, internações em enfermaria ou UTI, e procedimentos cirúrgicos de todos os municípios da Bahia, e a Central de Inteligência da Saúde, que será responsável pelo monitoramento e acompanhamento de todas as unidades, através de indicadores de desempenho da rede.
O edifício também vai abrigar a área de Tecnologia da Informação e Comunicação da Sesab, e contar com um Núcleo de Indicadores à Saúde. Ele vai permitir que especialistas de diversas áreas interligadas à saúde acompanhem em tempo real o desempenho das unidades estaduais e tenham acesso a dados e indicadores que auxiliem à tomada de decisões.