O Fantástico deste domingo (19) mostrou que, depois de 30 dias em isolamento, Maitê Gadelha, estudante de medicina do Pará, se prepara pra sair de casa por um motivo nobre, aguardado ansiosamente por quase seis anos: a formatura.
Faltava menos de dois meses pra Maitê e os colegas de turma se formarem. A data estava marcada: 30 de junho. Mas veio a pandemia do coronavírus. Maitê passou a mobilizar estudantes de todo o país para tentar antecipar as formaturas. “Reunimos 154 faculdades de medicina, mais de 6.500 alunos “
O pedido chegou ao Ministério da Educação. E aí, depois de ouvir o Ministério da Saúde, o MEC publicou uma portaria. Ela autoriza a antecipação da graduação de enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas e médicos, obedecendo alguns critérios.
“Eu acho que quem escolheu fazer medicina desde começo sabia que a profissão era ser útil pra sociedade de uma forma geral, e ser útil à população, servir, esse é o grande objetivo de quem escolheu esse curso”, explica Maitê.
As formaturas na área de saúde se multiplicaram pelo país. No Ceará, que tem mais de cento e cinquenta profissionais de saúde afastados do serviço por causa do coronavírus, os formandos receberam o diploma no modelo drive-thru.
O Brasil não é o primeiro país a convocar recém-formados para reforçar o atendimento no sistema de saúde. Com o avanço da pandemia, os Estados Unidos adotaram a prática. Na Itália, dez mil novos médicos começaram a atender nas clínicas gerais e em casas de idosos.
O Ministério da Educação exige que os alunos tenham completado pelo menos 75% do estágio obrigatório. Mas mesmo atendendo esse critério, nem todos os estudantes da saúde tão conseguindo o diploma. É que cada universidade tem autonomia para decidir se antecipa ou não a formatura. A polêmica envolve outras instituições. O Conselho Federal de Medicina, por exemplo, é contrário à entrada precoce dos novos médicos no mercado de trabalho.
Polêmicas à parte, quem conseguiu se formar se prepara para encarar uma das maiores crises sanitárias da história.