26 de novembro de 2024
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Pará tem corpos amontoados no IML e fila de carros funerários

Pará tem corpos amontoados no IML e fila de carros funerários

“Tá cheio aí, meu amigo. Tá um caos. Caos!”. O relato é de quem trabalha com a remoção de corpos na região metropolitana de Belém e enfrenta o colapso do sistema funerário em meio à pandemia. O flagrante registrado pelo repórter cinematográfico Álvaro Ribeiro da TV Globo mostra imagens fortes: em uma das câmaras frigoríficas, um funcionário anda com dificuldade em cima dos corpos amontoados.

Com o espaço cheio, os cadáveres são amontoados no chão, na área cedida pelo Instituto Médico Legal (IML) ao Serviço de Verificação de Óbito da Secretaria de Saúde do Pará (Sespa). São corpos de pessoas que morreram de Covid-19 e outros de pessoas que morreram por causas naturais.

A reportagem informa que o número de mortes por Covid-19 no Pará aumentou 222% em uma semana, e saltou de 95, no dia 25 de abril, para 306 neste sábado (2). O crescimento é muito superior à média nacional de 68% registrada no mesmo período, conforme dados do Ministério da Saúde.

O Pará registrou em abril um aumento de 116% de remoção de mortos por doenças ou causas naturais, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa). A demora na remoção de corpos é um drama vivido por famílias que perdem parentes por outras doenças, além da Covid-19, na região metropolitana de Belém. Algumas relatam que o corpo do ente querido chegou a ficar até 20 horas em casa, à espera de ser removido. Um caminhão frigorífico foi posicionado pela Sespa no IML para dar suporte no armazenamento de corpos com a Covid-19. A medida, segundo a Sespa, é uma estratégia para minimizar os impactos e o crescimento da demanda para os profissionais. Segundo a Sespa, a pandemia mudou a rotina do serviço de verificação de óbitos, que teve também reforço de duas viaturas novas para a remoção de corpos na região metropolitana de Belém.

Neste sábado (2), a movimentação de funcionários de funerárias foi grande durante o dia. O aumento no número de mortes por Covid-19 tem afetado o serviço de verificação de óbito. Um reflexo disso é que em frente ao prédio do IML, a cada instante aumenta a fila de carros funerários que chegam. O vídeo feito nesta manhã mostra uma longa fila de veículos que aguardavam a liberação dos corpos.

Um dos funcionários explica a origem dos mortos, apontado para cada um dos carros que chega ao IML. “Aquele [carro] ali veio do [Hospital de Campanha] Hangar; aquele outro do [hospital] Abelardo Santos”. Os locais citados, localizados em Belém, são de atendimento exclusivo a pacientes com sintomas ou confirmação de Covid-19.

Uma tenda foi armada na parte de fora do prédio para atender os familiares que aguardavam a liberação dos corpos.

A sobrecarga do sistema funerário deriva também do esgotamento da capacidade de atendimento do sistema de saúde. Em Belém, todos os 125 leitos de UTI, os 1.118 de enfermaria e 90 leitos de observação estão ocupados – 95% são pacientes com suspeita ou confirmação de contaminação pelo novo coronavírus. Em todo o estado, a ocupação de leitos exclusivos para UTI está em 91%, segundo o governo do estado.




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