O vice-presidente, Hamilton Mourão, disse nesta quarta-feira (15) que o governo pode manter a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) executada pelas Forças Armadas na Amazônia até o fim do mandato do presidente Jair Bolsonaro, em 31 de dezembro de 2022.
O governo anunciou uma primeira versão da operação em agosto do ano passado, como resposta à alta das queimadas. As ações duraram 60 dias. Porém, após criar o Conselho da Amazônia em fevereiro de 2020, o governo anunciou, em maio, a Operação Verde Brasil 2.
“A operação é uma medida urgente, mas não é um esforço isolado. Temos o planejamento para manter a GLO, se necessário, até o final do atual mandado Presidencial, em 31 de dezembro de 2022. As ações estão sendo ampliadas para evitar as queimadas durante o verão amazônico, que já começou e se estende até setembro”, afirmou Mourão.
Mais tarde, em entrevista coletiva, Mourão disse que o ideal é o governo federal recuperar a força de trabalho dos órgãos de fiscalização para não precisar empregar as Forças Armadas nessa função.
“Nós precisamos ter um planejamento para a recuperação da capacidade operacional dos órgãos de fiscalização, porque eles perderam pessoal por aposentadoria, estão com seus efetivos reduzidos. Nós precisamos aumentar a capacidade deles de modo a que liberemos as Forças Armadas do emprego constante em atividades as quais elas não estão, não é a atividade precípua delas”, disse o vice-presidente.
O discurso sobre a GLO foi feito por Mourão no Palácio do Itamaraty ao abrir a segunda reunião do Conselho da Amazônia, do qual ele é presidente. Participaram também os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles; da Agricultura, Tereza Cristina; e da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.
No discurso, Mourão disse que os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) não deixam dúvidas sobre a retomada do desmatamento a partir de 2012, com aumento acentuado em 2019.
O vice-presidente afirmou ainda que o governo não nega, nem esconde a informação sobre a gravidade da situação, mas que não aceita o que chamou de “narrativas simplistas e enviesadas” sobre o assunto.
Ele disse que as repercussões da imagem ambiental do Brasil afetam diversos setores da economia do país e pode comprometer sua capacidade de atrair investimentos.
“Como se não bastasse o prejuízo natural brasileiro, os crimes ambientais deixam nosso país vulnerável a campanhas difamatórias, abrindo caminho para que interesses protecionistas levantem barreiras comerciais injustificáveis contra as exportações do agronegócio”, declarou Mourão.
“Cada vez mais, as empresas brasileiras serão cobradas a apresentar as melhores credenciais ambientais, sociais e de governança”, completou.
Na sexta-feira (10), Mourão afirmou que o recorde de alerta de desmatamento na região no mês de junho ocorreu porque as ações do governo federal começaram “tarde”.
Mourão comentou dados divulgados pelo Inpe. O sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do órgão registrou recorde nos alertas de desmatamento em junho.
A Amazônia registrou 1.034,4 km² de área sob alerta de desmatamento em junho, recorde para o mês em toda a série história iniciada em 2015. No acumulado do semestre, os alertas indicam devastação em 3.069,57 km² da Amazônia, aumento de 25% em comparação ao primeiro semestre de 2019.