Em sessão marcada por tensão e até gritaria, a Câmara Municipal de Santo Amaro, no Recôncavo baiano, votou nesta segunda-feira (27), o projeto de lei que passava a posse de um terreno às margens do Rio Subaé, anteriormente doado à Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) para a instalação de um campus, à empresa Orbi Química, de São Paulo.
Em convocação extraordinária, por 9 votos a favor de passar a área para a fábrica e 5 contrários, a universidade acabou obtendo a vitória porque seriam necessários 10 votos para a aprovação da pauta, já que o regimento da casa exige 2/3 dos votos para que um projeto siga em tramitação. Um dos parlamentares não compareceu à sessão porque está com suspeita de covid-19. Com isso, os vereadores favoráveis à empresa não obtiveram os votos necessários.=
Na última semana, o tema foi levantado pelo cantor santamarense Caetano Veloso e causou alvoroço no município, que já tem uma longa história de contaminação por metais pesados.
Nesta segunda, logo no início da discussão, os ânimos se exaltaram porque os vereadores não tiveram acesso à emenda que iriam votar no dia. Segundo eles, o presidente da casa, o vereador Herden Cristiano (DEM), só encaminhou o conteúdo 10 minutos antes da sessão.
“Você não é o dono da Câmara, o senhor tem que passar a emenda para a gente poder ler, interpretar e votar”, reclamou, aos gritos, Nelson da Ouro do Mar (PSDB). A objeção foi compartilhada pelos outros vereadores.
A votação do projeto de lei que entregaria o terreno, localizado dentro do perímetro urbano, à empresa Orbi Química gera discussão na cidade e fora dela, por razões não só econômicas ou ambientais. É que o mesmo terreno onde um dia funcionou a primeira siderúrgica do Nordeste, a Fundição Tarzan, foi doado em 2005 à UFRB para a construção do campus de Santo Amaro. O atual projeto, de autoria do prefeito Flaviano Rohrs (DEM), desejava tirar a posse da universidade e entregá-la à Orbi Química.