Cerca de um terço das exportações brasileiras (32%) em 2019 foi realizado por micro ou pequenas empresas. Contribuíram para a balança comercial 7.571 pequenos negócios, de um total de 23.852 companhias.
Cento e quatro dessas pequenas empresas são baianas, que venderam bloco de mármore, chocolate, cosméticos de todo tipo, manga, geleia de umbu, café, equipamentos de energia eólica para países como China, Cingapura, Estados Unidos, Suíça, Argentina, Paraguai.
Também no ano passado, quase duas mil novas empresas (10%) – dessa vez de todos os portes – passaram a vender o peixe também lá fora, mas com grande reforço das PMEs (44%).
Os dados são da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e servem para mostrar que a internacionalização de um negócio não é exclusividade de grandes corporações, mas, pelo contrário, pode ser a saída para pequenos empreendimentos, particularmente a partir da pandemia.
Os números também dão a dimensão do oceano de oportunidades existentes, mas é preciso aprender a pescar, dizem os analistas.
O que, na avaliação do advogado especialista em comércio exterior Emannuel Pessoa, significa dizer estudar bem o mercado em que se quer atuar, analisar os custos da empreitada e contar com uma assessoria jurídica ou empresarial.
“A principal dica é estudar o mercado, as peculiaridades, saber se realmente o produto vai ter aderência. Vender para fora significa diversificar o seu público consumidor, ampliar receita, não depender apenas do mercado interno e suas oscilações”, afirma.
Com o tema Estudo de Oportunidades de Alimentos e Bebidas no Vietnã 2020, a Apex-Brasil promove, próxima quinta-feira, um webinar (seminário online) gratuito, às 9 horas (horário de Brasília). Para participar, basta acessar o link.
Segundo informações da agência, a economia vietnamita é uma das 50 maiores do mundo e só faz crescer. O país tem população estimada em 95 milhões de habitantes e ambiente de negócios considerado atrativo.
Mas este é apenas um dos muitos destinos possíveis, para qualquer item que se imaginar – de um animal vivo a creme facial. Basta dar uma olhada no chamado Mapa Estratégico Apex-Brasil de Oportunidades Comerciais, reconhecido com um dos maiores cases em ferramentas de inteligência de mercado.
Gratuito e de fácil acesso, a plataforma é um banco de dados cruzados em constante evolução, com mais de 45 mil oportunidades cadastradas em 101 países, em cinco diferentes categorias.
Na visão do empresário Edson Borgo, isso é “meio caminho andado”, pois significa a redução de riscos e custos de entrada em um novo mercado no exterior.
Nascido em Vitória, no Espírito Santo, Borgo, 53 anos, é CEO da Ecosmetics Internacional Salon – uma fabricante de cosméticos voltados para salão de beleza e uso profissional fundada por ele em 2002, em Teixeira de Freitas, no sul da Bahia.
Ele é um dos convidados da live Ferramentas e Competências para MPMEs conquistarem mercados internacionais, evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado Bahia (Fieb), que acontece depois de amanhã, às 18h, no canal da instituição no YouTube.
“Nossa missão no Centro Internacional de Negócios é articular o apoio a pequenas empresas no processo de internacionalização, de forma a melhorar o desempenho delas com preparação e promoção comercial”, diz a gerente de comércio exterior e relações internacionais na Fieb, Patrícia Orrico.
Ex-professor de musculação e artes marciais, vinte anos atrás Borgo fazia creme de cabelo em panela e fogareiro no quintal de casa. Atualmente, além de atender todo o Brasil, exporta mais de 400 produtos, entre coloração, pó descolorante e escova progressiva, para 48 países; e possui centro de distribuição em Miami, nos EUA, e Ílhavo, Portugal.
Segundo ele, além de participar de feiras e congressos internacionais da área, uma dica crucial para quem quer se lançar no mundo é procurar os serviços de apoio ao empreendedor, oferecidos por entidades como Apex-Brasil, Sebrae e Fieb.
“É preciso buscar, não apenas trabalhar. Isso ajuda encurtar caminhos. Exportar é uma saída muito importante, o mercado internacional, assim como o doméstico, é muito competitivo, mas a vantagem é que os produtos brasileiros são bem vistos lá fora”, conta.
Agronegócio – Que o diga o produtor de manga na região de Juazeiro, no norte baiano, Rogério Martins, 49, que há 15 anos exporta para o Chile, Uruguai, Canadá e “quase toda a Europa” 50% de suas 350 toneladas da fruta por ano.
“O incentivo e contribuição de diversos organismos, como Embrapa, Moscamed (Biofábrica de moscas) todos esses anos foram fundamentais”, fala Martins.
De acordo com o gerente da Unidade de Captação de Recursos Financeiros no Sebrae Bahia, Vitor Lopes, a instituição possui uma grade completa de cursos sobre o assunto, “uma fonte para a capacitação empresarial”.