Três jovens de menos de 21 anos, moradores de Simões Filho, foram presos pela Polícia Federal na manhã dessa segunda-feira (09) sob acusação de cometerem fraudes no auxílio emergencial. O grupo solicitou o benefício pelo aplicativo da Caixa no nome deles e de mais outros 59 nomes , sem a prévia autorização. Por meio de boletos, eles transferiam o auxílio para suas próprias contas e chegaram a desviar R$ 33 mil entre maio e junho.
O valor total roubado, no entanto, pode ter sido maior, segundo a Policia Federal. “Constatamos uma situação de continuidade de fraude com o FGTS emergencial, principalmente pelo líder do grupo. Vamos continuar investigando para descobrir se existem outros integrantes nessa quadrilha”, disse a delegada Suzana Jacobina.
Os jovens presos não tinham antecedentes criminais, são maiores de idade e viviam com os pais no bairro CIA 1 de Simões Filho. Junto com eles, cinco veículos foram apreendidos (alguns importados), assim como também foi autorizada a quebra do sigilo bancário dos investigados e o bloqueio dos valores depositados. Um outro carro também está com mandado de busca e apreensão aberto, mas não foi localizado pelos policiais. Os criminosos alegaram que o veículo foi vendido.
“A família nega que tinha ciência da prática dos rapazes, mas o IP utilizado para criação das contas está no nome da mãe de um deles. Eles se declararam autônomos e chamou a nossa atenção o número de veículos com marcas importadas. Os pais conviviam com esse patrimônio do filho, que não é condizente como o que ele receberia como autônomo”, afirmou Jacobina.
Ainda não se sabe como o grupo conseguiu ter acesso aos dados das vítimas. “Isso é algo que também queremos descobrir no decorrer das investigações: precisar como eles conseguiram o CPF e o nome dessas pessoas. A gente sabe que existe um mercado de dados e suspeitamos que possa ter relação”, disse Daniel Justo Madruga, superintendente regional da Polícia Federal.
Operação – A operação foi o resultado da Estratégia Integrada contra as Fraudes ao Auxílio Emergencial, da qual participam diversos órgãos públicos: Ministério Público Federal, Ministério da Cidadania, Caixa Econômica Federal, Receita Federal, Controladoria-Geral da União e Tribunal de Contas da União, além da própria Polícia Federal.
Todos os casos investigados nessa operação foram resultados de contestações que as vítimas fizeram no próprio banco. Elas não conseguiram solicitar o auxílio, pois o grupo criminoso já havia solicitado com os seus dados. De 2/4, dia que o auxílio emergencial foi criado, até 8/6, a Caixa tinha recebido mais de 150 mil processos de contestação em todo o país.
“Era inviável a polícia investigar fraude a fraude pois o volume de denúncia é enorme. Então, juntamos instituições para cruzar dados e identificar potenciais quadrilhas”, explicou Madruga. Outras fraudes, como a de pessoas que solicitaram indevidamente o benefício ou tiveram acesso às solicitações de outros cidadãos, também estão sendo apuradas.
Além de Simões Filho, a operação aconteceu conjuntamente em outras cidades brasileiras, desarticulando outros grupos criminosos. “A operação aponta a existência de uma fraude sistêmica no nosso país. É um crime comum em outros tipos de benefícios. Só que no auxílio emergencial, a urgência fazia com que o dinheiro chegasse rapidamente às pessoas e os criminosos se valeram disso”, avalia o superintendente regional da PF.
Os três homens presos ontem responderão pelos crimes de furto qualificado mediante fraude, lavagem de dinheiro e organização criminosa, cujas penas, somadas, podem alcançar até 26 anos de reclusão.