No pedido que deu origem ao recente cerco da Faroeste, o Ministério Público Federal (MPF) revela tentativas de intimidação orquestradas por novos alvos da operação contra delatores e testemunhas do esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).
O jornalista Jairo Costa Junior, da coluna Satélite do Correio, informa nesta quinta-feira (17) que, de acordo com o MPF, “foram documentadas quatro situações intimidadoras, em que Vasco Rusciolelli (advogado e filho da desembargadora afastada Sandra Inês Moraes Rusciolelli) recebeu recados de advogado, policial e agente do sistema prisional, a fim de que fosse desencorajado a firmar acordo de colaboração”. Vasco e a mãe foram presos pela Faroeste em 24 de março deste ano e autorizados a cumprir regime domiciliar seis meses depois, pelo relator do caso no Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Og Fernandes.
Os recados, disse o MPF, têm como um dos supostos autores o advogado Rui Barata, filho da desembargadora Lígia Ramos Cunha. Ambos estão entre os alvos da nova fase da operação.
De acordo com a publicação, os episódios relatados pelo MPF teriam ocorrido quando Vasco Rusciolelli ainda cumpria prisão preventiva no Centro de Observação Penal (COP), unidade do Complexo Penitenciário da Mata Escura, em meio às tratativas para um eventual acordo de delação premiada. Ao solicitar autorização do STJ para deflagrar as novas ofensivas da Faroeste, a subprocuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, alerta sobre o perigo de manter em liberdade alvos com grande poder para intimidar colaboradores da operação e interferir nas investigações contra a venda de sentenças no Judiciário baiano.
Segundo a Satélite, pouco antes do cerco lançado na última segunda-feira pela Polícia Federal, o advogado Júlio César Cavalcanti, que se tornou o principal delator da Faroeste, teve a casa invadida. Na ocasião, foram roubados um notebook e um telefone celular. O crime ganha dimensão maior pelo papel de Cavalcanti no caso. A maioria dos indícios que serviram de base para o avanço da operação foi fornecida por ele ao MPF, incluindo nomes de filhos de desembargadores suspeitos de receber propina em nome dos pais e advogados apontados como responsáveis pela lavagem de dinheiro ilícito.