A afinidade da seleção com o Nilton Santos se restringe ao nome do estádio, homenagem ao maior lateral-esquerdo brasileiro de todos os tempos, e às estátuas espalhadas pela praça de entrada do Setor Oeste — além de Nilton, estão lá, eternizados em bronze, Zagallo, Garrincha e Jairzinho, todos eles campeões do mundo. A qualidade do gramado foi um obstáculo que a equipe de Tite teve de driblar durante a Copa América e nesta segunda, às 20h, contra o Peru, haverá despedida que não deixará saudades.
A semifinal será o quarto jogo na casa do Botafogo em seis na competição. Os adversários não podem reclamar de favorecimento aos pentacampeões, que aceitaram receber o torneio às pressas após as desistências de Colômbia e Argentina. Nenhuma outra seleção jogou tanto no Nilton Santos nesta Copa América quanto o Brasil e a Conmebol reconhece que os campos em melhor estado à disposição são os da Arena Pantanal e do Olímpico de Goiânia. O que parecia, em um primeiro momento, vantagem por submeter os jogadores a menos deslocamentos, acabou sendo dor de cabeça.
Tite pediu a transferência da partida contra o Chile, nas quartas de final, para o estádio em Cuiabá. Não teve resposta positiva da entidade que toca o futebol sul-americano, que manteve a tabela feita antes do início da competição. O técnico reclamou do Nilton Santos antes e depois da partida contra os chilenos. Esta noite, terá de lidar com o campo ruim mais uma vez.
Ao menos na teoria, soa lógico o argumento do treinador brasileiro. O gramado irregular gera maiores riscos de lesão e aumenta o desgaste dos jogadores. Interfere na trajetória da bola, o que afeta passes e dribles, fundamentos de apreço da seleção, acostumada a atuar com a posse da bola e que tem na jogada individual, na improvisação, um diferencial histórico.
Se passar, o Brasil enfrentará o vencedor da outra semifinal, que será disputada amanhã, entre Argentina e Colômbia. A decisão está marcada para o Maracanã, estádio que sediará apenas o jogo do título. Ele seguiu recebendo jogos até o último dia 23. Quando receber a final, o gramado terá passado quase 17 dias só sendo preparado. Ainda assim, Tite já disse que não acredita que haverá tempo para o campo estar bom.