Nos seis primeiros meses do ano, as vendas do comércio baiano subiram 22,8%, representando R$ 9,7 bilhões movimentados pelo varejo do estado.
Somente no último mês de junho, o comércio baiano faturou R$ 9 bilhões, uma alta anual de 24,4% e de 11,3% em relação ao mesmo período antes da pandemia, em junho de 2019. O levantamento foi realizado pela Fecomércio-BA, com dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, apenas dois grupos ainda não conseguiram superar o faturamento pré-pandemia: Vestuário & Calçados (-31,7%) e Outras Atividades (-7%).
“O primeiro sofre com a dificuldade de inserção dos produtos no mercado digital e conta com a redução da necessidade das pessoas na renovação de guarda-roupa. Já o segundo que, em grande parte, é influenciado pelas vendas de combustíveis como gasolina e gás, tem o impacto da redução de circulação de veículos em relação aos períodos anteriores a pandemia”, esclarece Dietze.
Joalherias, lojas de artigos esportivos e outros estabelecimentos que foram impactados pelas restrições de funcionamento e de movimentação de pessoas também foram considerados pelo estudo.
“No campo positivo, o destaque na comparação com 2019 foi o setor de materiais de construção, com alta de 44,7% e um faturamento de 764 milhões de reais. Na sequência vem as lojas de eletrodomésticos e eletrônicos com variação de 36,3%. Parte do crescimento vem de fato pelo aumento da demanda, porém há o aumento dos preços destes tipos de produtos que subiram muito acima da inflação média geral e que influencia no faturamento mais alto”, comenta o economista.
Na comparação com junho de 2019, também houve desempenhos positivos nas lojas de móveis e decoração (28,1%), veículos e motos (23,2%) e farmácias e perfumarias (20,4%).
Os supermercados, por sua vez, tiveram um faturamento de R$ 1,3 bilhão, alta de 2,5% em relação a 2019, mas com desempenho inferior ao do ano passado. “Esse setor foi o único que retraiu na comparação com 2020, pois no ano passado o desempenho foi muito favorável. Ou seja, a queda anual não significa que o setor está indo mal, pelo contrário, está faturando próximo das máximas históricas”, cita Dietze.
Inflação e retomada da economia – Outros fatores importantes considerados no levantamento são os níveis do desemprego e da inflação, que têm afetado o poder de compra das famílias do Estado e podem segurar a retomada da economia.
“A inflação será um limitador para o crescimento do comércio, pois não se trata de uma questão pontual, de curto prazo, mas um problema estrutural, o que deve continuar pesando no bolso, pelo menos, até o próximo ano”, diz Guilherme.
Contudo, a projeção preliminar do final do ano permanece positiva. De acordo com os cálculos, o comércio deve fechar o ano com crescimento de 11,7%, ante a queda de 7% vista em 2020. Já as vendas em dezembro, mês do Natal, devem subir 8,2%.
“Portanto, sob qualquer ótica, os números são favoráveis. É a recuperação do comércio que contribuirá para a retomada da economia e do emprego, variável essencial para dar sustentação de longo prazo para o consumo no Estado”, destaca o economista.