25 de novembro de 2024
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Presidente do ComCar diz que não há mais condições de fazer Carnaval em 2022

Presidente do ComCar diz que não há mais condições de fazer Carnaval em 2022

Há pouco mais de dois meses para o início do Carnaval 2022, o presidente do Conselho Municipal do Carnaval de Salvador (Comcar), Flávio Souza, acredita que não há mais condições de realizar a festa mais famosa da cidade. Desde o mês passado artistas de peso veem anunciando que abriram mão da folia. Já a Prefeitura estuda modelos alternativos.

Nesta quarta-feira (15), o presidente do Comcar disse que os empresários “jogaram a tolha” e que o setor está convencido de que o evento não ocorrerá. Ele criticou a morosidade do poder público para tomar uma decisão e disse que o cancelamento anunciado por diversos artistas é por uma questão contratual.

“Eles não vão fazer aqui, mas vão fazer em outras cidades, como aconteceu no Carnatal, no último fim de semana. Com a indecisão da Prefeitura e do Governo do Estado, esses artistas têm buscado outros contratos. Não vão ficar esperando. Além disso, donos de camarotes já estão organizando festas privadas e muitos vão contratar esses artistas. Não há mais condições de fazer o carnaval como nós conhecemos. Não há tempo hábil, não temos mais os artistas e os empresários jogaram a toalha”, disse.

Houve reunião do Comcar, na terça-feira (14). Segundo o presidente, há um mês o setor ainda acreditava ser possível realizar a festa, mas o entendimento mudou e o clima na reunião foi de aceitação, por isso, muitos estão planejando a própria folia. Atualmente é permito eventos com até 5 mil pessoas na Bahia. Flávio acredita que o cancelamento da festa em 2022 pode ter reflexos em 2023.

“Os investidores e turistas vão descobrir que existem outros destinos e nós vamos perder esse público em 2023. A Prefeitura e o Governo têm recurso para fazer algum modelo alternativo, mas se insistir no carnaval como nós conhecemos, na Barra, por exemplo, sem camarote e sem os grandes artistas será muito ruim para a fotografia do carnaval de Salvador. O modelo tradicional não tem como fazer mais”, afirmou.

Prefeitura e Governo do Estado ainda não decidiram sobre a realização da folia. Uma reunião entre o prefeito Bruno Reis (DEM) e o governador Rui Costa (PT) estava sendo cogitada para o início de dezembro, mas foi adiada por conta das tragédias provocadas pela chuva, no Sul do estado, e pela epidemia de gripe, na capital.

O presidente da Associação Baiana de Trios Independentes (ABTI), Paulo Leal, também acredita que não ser mais possível realizar a festa que os baianos se habituaram a ver, mas defendeu a possibilidade de um modelo alternativo.

“A Prefeitura e o Governo podem montar a estrutura do carnaval até 30 dias antes da festa, mas nós precisamos de mais tempo para nos organizarmos. Uma alternativa pode ser fazer a festa nos bairros, com o trio elétrico parado, e em diversos locais para evitar grandes multidões. Esse carnaval localizado seria uma forma também de ajudar a classe que está há dois anos parada”, disse.

Leal acredita que a folia do ano que vem será o reflexo da desigualdade social. “As classes mais abastadas terão seu carnaval. As festas já estão sendo organizadas. Quem vai sentir falta da folia são as classes mais baixas. No último carnaval a pandemia estava no auge e não havia vacina. As pessoas ficaram em casa. Isso não vai acontecer em 2022”, disse.

Nesta quarta-feira, durante a assinatura de uma ordem de serviço para a construção de novas escolas, o prefeito Bruno Reis disse que está recebendo propostas de formatos para realizar o Carnaval com segurança e que se reuniu com entidades carnavalescas para discutir o assunto.

“Ontem [terça-feira] me reuni com a associações, representantes do samba, representantes dos blocos afro, Ilê, Malê, Muzenza, Cortejo Afro, e todos estão com dificuldade de se apresentar no ano que vem. Porém, dizem também que se não apresentarem no ano que vem, não voltam em 2023”, contou.

Segundo ele, a expectativa ainda é de que a decisão seja tomada em conjunto com o governador Rui Costa. Bruno reforçou que a prioridade é garantir a segurança das pessoas. “Não vamos correr risco para depois adotar medidas de isolamento social. Espero poder tomar essa decisão em conjunto com o governo do estado, até porque a prefeitura não tem condição de realizar a festa sozinha”, disse.

Foto: Divulgação




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