A construção do VLT do Subúrbio foi tema de audiência pública realizada nesta quarta-feira (23) no Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador. A audiência cobrou respostas ao governo acerca do andamento da obra, detalhes do contrato firmado, além de soluções para o impacto da ausência do sistema ferroviário, interrompido há um ano para a construção do VLT.
A discussão foi promovida pelos vereadores Claudio Tinoco (Democratas) e Orlando Palhinha (Democratas), que assinaram um ofício com pedidos de esclarecimentos ao governo do estado. Um requerimento para realização de nova audiência no dia 9 de março também foi assinada durante a audiência.
O ofício assinado pelos vereadores, encaminhado para o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico Eures Ribeiro, questionou o atual estágio do contrato de concessão n° 01/2019 com a empresa responsável pela construção do VLT Subúrbio; o valor do contrato, especificando se já houve algum aditivo ou se existe processo de revisão em andamento; o prazo de execução da obra e cronograma total; além da contrapartida que será apresentada pelo Estado da Bahia à empresa ganhadora da licitação
Além dos vereadores, compuseram a mesa Gilson Jesus Vieira, Coordenador Geral da Instituição Social Nacional Movimento Trem de Ferro/Ver de Trem; Iraci Gama, representante do movimento Trem de Ferro e secretária de Turismo, Esporte e Lazer de Alagoinhas em Alagoinhas; Alberto Quirino, Consultor Técnico do Movimento Trem de Ferro/Ver de Trem; Joceval Tibúrcio, integrante da Associação Nacional Movimento Trem de Ferro e presidente da União Bairros de Salvador (Unibairros); Carl Hauenschild, arquiteto e urbanista apoiador técnico do Movimento Trem de Ferro/Ver de Trem; além de Gilbert Bahia, coordenador de articulação social do Movimento Trem de Ferro.
Os representantes do governo e da empresa, que foram convocados para participar da audiência pública, não estiveram presentes. Todos enviaram ofícios afirmando impossibilidade de comparecer ao evento. Com isso, os vereadores marcaram uma nova audiência pública para o dia 9 de março. Foram convidados o secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedur), Eures Ribeiro; o presidente da Companhia de Transportes da Bahia (CTB), Eduardo Copello; além de Tyler Li, presidente da concessionária chinesa Skyrail.
Na plateia também estiveram presentes representantes do Movimento Trem de Ferro; Ver de Trem; do Observatório da Mobilidade Salvador; especialistas da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e outras universidades; além de fundações e associações.
Os vereadores Tinoco e Palhinha destacaram a importância de debater o tema na Câmara Municipal de Salvador e discutir os impactos da decisão do governo de retirar a linha férrea do Subúrbio.
“A retirada dos trens do Subúrbio impactou diretamente mais de 14 mil pessoas que utilizavam o modal de transporte diariamente. Eles pagavam cinquenta centavos e agora passaram a ter que pagar a taxa de ônibus, de quatro reais e quarenta centavos. A obra está parada desde julho e precisamos de respostas do governo do estado. Por isso, fizemos o ofício solicitando essas informações que são tão importantes para dar esclarecimento para a população”, disse Tinoco.
Palhinha destacou a importância de se instalar uma linha de ônibus especial para todos aqueles que não têm condições de pagar a taxa de ônibus. “São pescadores, marisqueiros e tantos outros profissionais que foram impactados diretamente com a retirada dos trens do Subúrbio. O governo não teve um olhar sensível e precisa implantar uma linha especial para essas pessoas que mais precisam”, cobrou Palhinha.
Gilson Jesus Vieira, Coordenador Geral da Instituição Social Nacional Movimento Trem de Ferro/Ver de Trem, fez um apanhado histórico do sistema férreo da cidade de Salvador, apresentou detalhes sobre o plano inicial do Governo de implantar um sistema de VLT e destacou os impactos para a população ao redor.
“A prefeitura chegou a implantar um trem com ar condicionado que depois de rodar três meses foi colocado no depósito. Quando o governo assumiu a gestão dos trens, a imagem que se queria passar é de que era um sistema sucateado. Mas como sucateado se tínhamos vários trens com ar condicionado parados nos depósitos?”, questionou Gilson.
“É extremamente valioso retomar o projeto do VLT mas mais valioso do que isso é voltar o sistema ferroviário que tem capacidade de chegar a outros municípios da Bahia e auxiliar no escoamento de produtos do estado”, destacou Alberto Quirino, consultor técnico do Movimento Trem de Ferro/Ver de Trem.
Iraci Gama, representante do movimento Trem de Ferro e secretária de Turismo, Esporte e Lazer de Alagoinhas, destacou a importância da continuidade da discussão na Câmara Municipal. “Precisamos dar continuidade nesse trabalho. Vamos continuar as discussões sobre o VLT e o sistema ferroviário nesta Casa. Se os convidados não vieram, vamos convidá-los para outros momentos, outros debates, para discutir conosco os projetos e para ouvir as respostas”, cobrou Iraci.
Foto: Divulgação/Ascom