A Ucrânia está pronta para uma dura batalha com forças russas se acumulando no leste do país, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, neste sábado, um dia depois de um ataque com míssil que matou mais de 50 civis que estavam fugindo da região, segundo autoridades.
Alarmes de radares aéreos tocaram em cidades no leste da Ucrânia, que se tornou o foco do exército russo após recuos em regiões próximas à capital Kiev.
Após o ataque de sexta-feira que deixou 52 mortos numa estação de trem lotada de mulheres, crianças e idosos na cidade de Kramatorsk, região de Donetsk, autoridades pediram que civis na vizinha região de Luhansk começassem a fugir.
“Sim, forças (russas) estão se reunindo no leste (da Ucrânia)”, disse Zelenskiy em uma entrevista coletiva conjunta com o chanceler austríaco, Karl Nehammer, em Kiev.
“Será uma batalha dura, nós acreditamos nesta luta e na nossa vitória. Estamos prontos para simultaneamente lutar e buscar maneiras diplomáticas de colocar um fim nesta guerra”, acrescentou Zelenskiy.
A invasão da Rússia, que começou em 24 de fevereiro, forçou mais de 4 milhões de pessoas a fugirem para o exterior, matou ou feriu milhares, deixou um quarto da população desabrigada e transformou cidades em cinzas.
As mortes de civis geraram condenações internacionais, especialmente os assassinatos em Bucha, cidade ao noroeste de Kiev que até semana passada estava ocupada por forças russas.
A Rússia negou estar tentando atingir civis no que chama de “operação especial” para desmilitarizar e “desnazificar” seu vizinho do sul. Ucrânia e nações ocidentais rejeitam essa justificativa como um pretexto sem fundamento para a guerra.
Nehammer visitou a Ucrânia um dia depois da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen – visitas que tiveram o objetivo de ressaltar o apoio do Ocidente a Zelenskiy. Em outra medida parecida, a Itália afirmou que reabrirá sua embaixada em Kiev após a Páscoa.
Refugiados – Mais de 4,4 milhões ucranianos fugiram do país desde a invasão ordenada pelo presidente russo, Vladimir Putin, em 24 de fevereiro, de acordo com os dados atualizados pelo Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).
O Acnur contabilizou hoje 4.441.663 refugiados ucranianos, mais 59.347 do que na sexta-feira. Desde a Segunda Guerra Mundial que a Europa não assistia a um afluxo de refugiados tão grande.
Cerca de 90% dos que fugiram da Ucrânia são mulheres e crianças, dado que as autoridades ucranianas não permitem a saída de homens em idade militar devido à lei marcial.
A ONU também estima o número de deslocados internos em 7,1 milhões, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), divulgados na passada terça-feira.
No total, mais de 11 milhões de pessoas, ou seja, mais de um quarto da população, tiveram que abandonar as suas casas e atravessar a fronteira para chegar aos países vizinhos ou encontrar refúgio noutras localidades da Ucrânia.
Antes do conflito, a Ucrânia tinha mais de 37 milhões de habitantes, sem incluir a península da Crimeia (sul), que foi anexada pela Rússia em 2014, e as regiões de Donetsk e Lugansk controladas por separatistas pró-russos.
Fonte: Agência Brasil