O Senai Cimatec vai sediar nesta quarta-feira (30) e na quinta-feira (31), em Salvador, o 9º Congresso Internacional da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). O evento acontece pela primeira vez na região Nordeste. A produção têxtil no estado perdeu sua força no último século, ainda assim, hoje, a Bahia emprega mais de 35 mil pessoas no setor, além de ser o segundo estado que mais produz algodão e o terceiro que mais exporta.
“Queremos evidenciar as potencialidades do estado já no primeiro painel do congresso, mostrando uma pesquisa inédita com dados do setor na Bahia. Mas estamos mantendo o olhar no conjunto da obra e assim tratar da relação do Brasil com o mundo, aumentando a competitividade para além da que já temos. E a Bahia tem seu papel nisso. A nossa expectativa é que as forças produtivas municipais, estaduais e empresariais, dentro das possibilidades, contribuam para essa retomada”, explica o diretor-superintendente e presidente emérito da Abit, Fernando Valente Pimentel.
E o interesse já se faz evidente: com mais de 400 inscritos, essa é a maior edição da história do evento. “O congresso trata da cadeia como um todo. Vamos mostrar o que há de mais forte na Bahia, que é esse mercado consumidor e a produção, assim como o que nos faz falta, o elo intermediário: fiação, tecelagem e tinturaria”, explica o presidente do Sindicato da Indústria de Vestuário e Artefatos de Joalheria e Bijuteria do Estado da Bahia (Sindvest), Hari Hartmann.
De todo o algodão in natura produzido aqui, 54% é exportado, 41% vai para outros estados e apenas 5% fica na Bahia, explica Hari, que também é diretor na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) e proprietário da indústria baiana de vestuário Polo Salvador. Onde ele compra material para a produção de seus produtos? No Sul do País. “A grande produção do algodão baiano vem do oeste do estado e possui uma qualidade excelente, então é absurdo que precisemos nos abastecer fora”, pontua.
Com 22 unidades do Senai Cimatec prontas para treinar a mão de obra necessária para o crescimento desses elos intermediários que tanto fazem falta no estado, Hari sinaliza ainda o potencial de combate ao desemprego do setor. “Essa descentralização é algo que vamos levar ao congresso, onde não queremos nos concentrar nas queixas do setor, mas sim mostrar dados isentos, e propor ideias e políticas. Temos os consumidores e a produção, atraindo a fiação, a tecelagem e a tinturaria, vamos criar um ecossistema têxtil na Bahia”, afirma.
Início na Bahia
Foi na Bahia, em 1830, que o processo fabril têxtil teve início no Brasil e, em 1866, o País já tinha instalações de oito fábricas do setor – 62,5% delas na Bahia. Hoje, de acordo com dados da empresa de pesquisa IEMI – Inteligência de Mercado, o estado possui mais de 400 indústrias têxteis e de confecções, que produziram cerca de 200 mil toneladas apenas em 2023 – com um faturamento médio de R$ 9,5 bilhões, o setor gerou mais de 35 mil empregos.
“Para se ter uma ideia, 35 mil empregos equivalem, mais ou menos, ao que a petroquímica e a refinaria empregam juntas. Os 5% do valor bruto que fica no estado empregam essas 35 mil pessoas, o que é muito significativo, pois é um número que pode crescer muito. É um setor que, sobretudo, é fortemente empregador e por isso mesmo é desejável que consigamos desenvolvê-lo na Bahia”, explica o superintendente da Fieb, Vladson Menezes.
Além disso, fatores como a relativa proximidade do estado com a região Sudeste, são vantagens que podem aguçar o interesse dos investidores. “Por isso, esse congresso é muito bem vindo, pois traz para a Bahia os holofotes das principais empresas do setor. A partir daí, com o governo atuando na formulação de políticas mais específicas, teremos todas as condições para que o setor têxtil baiano se desenvolva ainda mais”, afirma o superintendente.
Foto: Dario G. Neto/ASN-BA