22 de janeiro de 2025
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O inesquecível Raulzito – por Pacheco Maia

O inesquecível Raulzito – por Pacheco Maia

O ano era 1989. Marcante para mim pela felicidade do nascimento de minha primogênita Annalu. Mas, para cumprir o ciclo da vida, nele também morreu Raul Seixas em 21 de agosto.

Quase dois meses antes, em 28 de junho, inaugurei um programa na Rádio Transamérica, onde trabalhava, para comemorar aquele que seria o último aniversário do Maluco Beleza em vida.

Foi uma experiência inesquecível. Eu, Isaac e Gugu entrevistamos a mãe dele, Dona Maria Eugênia, e montamos um programa com ela contando as histórias do filho entremeado com as músicas dele.

Assim nascia o Programa Para Quem Não Gosta de FM, que começou no aniversário e acabou logo depois da morte de Raulzito. Até hoje lamento não ter entregue em tempo a gravação do especial de aniversário para Dona Maria Eugênia mostrar a Raul que se interessara em ouvi-la.

No fatídico 21 de agosto, chegávamos eu e Isaac na rádio para apresentar o programa com os discos selecionados para tocar, quando soubemos da triste notícia.

Meia volta volver. Mudança de planos. Em cima da hora trocamos toda a prévia programação. Foi difícil apresentar o programa naquele dia. Choradeira da porra minha, de Isaac e dos ouvintes que a gente botava no ar.

As homenagens ao grande Raulzito não podiam parar por ali. No sábado daquela semana, combinamos com a coordenação da rádio de fazer um super especial à tarde toda.

Teve até anunciante que fez questão de patrocinar quando soube da iniciativa. Foi a loja Maynarte. Curiosamente o dono da loja que era fã mais tarde virou um cover de Raul.

Não poderia ser um programa qualquer, enchendo a linguiça só tocando música. Realizamos entrevistas com contemporâneos do Maluco Beleza, entre eles, Nélson Motta.

Nelsinho estava por Salvador, fazendo sua pesquisa para o livro que escreveria sobre Glauber Rocha. Passando pelo Porto da Barra o vi e ele topou dar a entrevista pelo telefone no sábado. Estava hospedado no então Hotel Praiamar.

Era necessário produzir conteúdo até o sábado e lá fomos nós para o sepultamento de Raul no Jardim da Saudade. Como o programa era de rádio e, naquela época, era só som, fui com meu gravadorzinho.

Gravei toda a sonoridade da multidão de fãs carregando o caixão, cantando as músicas e gritando “Raul, Raul…”. Esse material eu usei no super especial como bg, trilha, tocando ao fundo, o que causou um efeito bem emocionante.

Mas tem um episódio muito interessante deste dia. Eu passei o gravador para um amigo, Eduardo Ribeiro, que conseguiu ficar mais próximo do jazigo. Ele flagrou um fã jogando os documentos na sepultura aberta de Raul e lhe perguntou a razão daquele ato. Ouça:

Pacheco Maia é jornalista.




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