Em um ato de conscientização e resistência, a população de Lauro de Freitas se reuniu nesta segunda-feira (19/5) para a caminhada em alusão ao Maio Laranja, iniciativa que visa dar visibilidade ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil, celebrado em 18 de maio. Com saída da Praça Oscar Moreira e destino ao Largo José Ramos, em Itinga, o evento, organizado pelo Conselho Tutelar em parceria com a Prefeitura de Lauro de Freitas, reuniu estudantes, professores, autoridades e representantes da sociedade civil e de diversos segmentos em uma só voz: Proteger crianças e adolescentes é um dever de todos.
A gestão municipal esteve representada pelas titulares Diana de Souza e Margeoire Mendes, das secretarias municipais de Desenvolvimento Social e Cidadania (SEMDESC) e da Mulher, Políticas Afirmativas, Direitos Humanos e Promoção da Igualdade Racial (SEMPADHIR), respectivamente. “Essa não é uma luta de um só dia, mas de todo ano. Precisamos estar vigilantes, construir laços de confiança com nossas crianças e adolescentes para que, diante da violência, elas encontrem apoio e o ciclo seja rompido”, afirmou Diana. Já Margeoire reforçou o compromisso da rede municipal com a temática. “É muito importante estarmos aqui nessa ação falando sobre um assunto tão sério. Esse mês é um lembrete de que a gente precisa agir com prevenção e principalmente encorajar a denúncia, até porque o silêncio favorece o agressor. Vamos juntos continuar fortalecendo essa causa”, defendeu.
Mais de 350 alunos das escolas de Itinga, Quingoma e do Centro ocuparam as ruas com cartazes e gritos de ordem. Jocimar Daltro, conselheiro tutelar, destacou a importância da mobilização coletiva. “Precisamos tirar o tema das sombras e mostrar à sociedade que essa realidade existe e deve ser enfrentada. O Conselho Tutelar atua em todas as frentes: judicial, social e de saúde, mas a denúncia começa com o cidadão”.
A voz da juventude ecoou forte. Ricardo Henrique, de 16 anos, representante da Associação Secundarista dos Estudantes de Lauro de Freitas (ASSELF) e aluno do Centro Estadual de Educação Profissional em Tecnologia, Informação e Comunicação (CEEPTIC), enfatizou o papel das organizações estudantis. “Estamos aqui para empoderar vítimas e mostrar que elas não estão sozinhas. Queremos um futuro onde crianças e adolescentes vivam sem medo”. Já Ana Luzia da Silva, de 14 anos, estudante da Escola Municipal Dois de Julho, fez um apelo. “Falar sobre isso nas salas de aula quebra o silêncio. Quanto mais gente souber do Disque 100, mais vidas serão salvas”.
Adson Nery, do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), explicou o funcionamento da rede de proteção. “Muitas vítimas sofrem caladas por vergonha ou medo, mas o CREAS e o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) estão preparados para acolhê-las com sigilo e eficiência”.
A caminhada contou ainda com a presença do chefe de Gabinete, Jonatas Passos, vereadores, agentes da Vara da Infância e da Adolescência, da Banda Marcial Renascer do Sol, representantes do Conselho Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (CNDDH), da Secretaria Municipal de Segurança, Defesa Civil e Ordem Pública (SSPLF), através da Guarda Municipal, Polícia Militar e entidades civis.
A cada hora, três crianças são abusadas no Brasil – 51% delas têm entre 1 e 5 anos, conforme dados do site oficial da campanha Maio Laranja. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei nº 8.069/90) e a Constituição Federal são claros: é dever do Estado, da família e da sociedade garantir proteção integral a menores. Violência sexual é crime. Disque 100.
Foto: Tiago Pacheco/PMLF
