8 de julho de 2025
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Agro: Feno fortalece a pecuária na seca e garante desempenho do rebanho

Agro: Feno fortalece a pecuária na seca e garante desempenho do rebanho

A cada ano, produtores rurais enfrentam o mesmo desafio: entre os meses de abril e setembro, em boa parte do Brasil, as chuvas diminuem drasticamente, dando lugar ao clima seco. Nesse período, o pasto — base da alimentação bovina — praticamente desaparece. Essa sazonalidade é um dos principais gargalos da pecuária nacional, afetando diretamente a produção de leite, carne e a reprodução do rebanho.

Para superar esse cenário, o uso de estratégias de conservação de forragem se torna essencial. Entre elas, o feno se destaca como uma das alternativas mais tradicionais, eficazes e versáteis disponíveis ao produtor. “O feno é uma ferramenta estratégica – ele garante a alimentação do rebanho quando a pastagem não responde, mantém a produtividade e ainda permite aproveitar oportunidades de mercado, como a compra de animais a preços mais baixos durante a seca”, afirma Thiago Neves Teixeira, engenheiro agrônomo e técnico da Soesp (Sementes Oeste Paulista).

Segundo a Embrapa, a escassez de forragem natural durante a seca pode resultar em perdas de até 30% na produção de leite e em queda significativa no ganho de peso de bovinos de corte. Além disso, há maior risco de doenças associadas à deficiência nutricional. É nesse contexto que a técnica da fenação ganha relevância: trata-se do corte, desidratação e armazenamento de capins com alto teor de matéria seca, com o objetivo de preservar o valor nutritivo da planta e garantir um alimento volumoso de qualidade por vários meses.

O processo

O feno é produzido a partir do corte do capim no ponto ideal de maturação. Em seguida, a forragem é deixada ao sol até atingir 85% a 90% de matéria seca e então é armazenada em fardos compactados. Esse processo reduz a atividade da água na planta, impedindo a proliferação de microrganismos e prolongando sua conservação. “O sucesso da fenação depende da escolha adequada do capim, das condições climáticas no período da colheita e do uso correto de máquinas. É fundamental atenção ao manejo: excesso de umidade compromete a qualidade do produto”, destaca Teixeira.

Capins como Tifton 85, Coast-cross, Panicum maximum (cultivares Tamani e Aruana), além de algumas leguminosas, são os mais indicados para o processo. Eles se destacam pela alta produtividade, boa proporção entre folhas e colmos e facilidade de desidratação. Quando bem armazenado, o feno pode ser mantido por mais de seis meses, desde que protegido da umidade.

Crescimento da técnica no Brasil

A adoção do feno tem crescido, especialmente entre pecuaristas mais tecnificados. De acordo com a Scot Consultoria, o uso de forragens conservadas tem aumentado cerca de 6% ao ano no Brasil. O feno, em particular, é valorizado por sua portabilidade, estabilidade nutricional e pela possibilidade de planejamento alimentar ao longo de todo o ano. “Com o feno, o produtor consegue equilibrar melhor a dieta dos animais, controlar a proporção entre volumoso e concentrado e manter o desempenho produtivo mesmo fora do período das águas”, reforça o técnico da Soesp.

O custo médio da tonelada de feno de alta qualidade varia entre R$ 700,00 e R$ 950,00 – o que o torna competitivo em relação a outras fontes de volumoso, como a silagem de milho ou o pré-secado — especialmente em propriedades que já contam com estrutura adequada e mão de obra treinada.

Além disso, o feno se adapta bem a sistemas intensivos, como confinamento e semiconfinamento, e pode ser uma alternativa emergencial em situações de seca prolongada ou interrupções no fornecimento de ração. Outra vantagem é sua facilidade de transporte e comercialização, possibilitando até uma fonte de renda adicional para fazendas com produção excedente.

Desafios e perspectivas

Apesar dos benefícios, o uso do feno ainda enfrenta desafios. O principal é o custo de produção elevado, para propriedades que não possuem maquinário próprio, como segadoras, ancinhos e enfardadeiras. A produção também depende de mão de obra capacitada e de condições climáticas favoráveis — dias secos e ensolarados são indispensáveis para a secagem adequada da forragem.
Outro entrave é a falta de assistência técnica e conhecimento sobre o manejo correto, especialmente entre pequenos e médios produtores. “Ainda temos um grande caminho na difusão da técnica. Muitos produtores não conhecem o potencial do feno e acabam optando por alternativas menos eficientes ou mais caras durante a seca”, avalia o agrônomo.

Com o avanço das mudanças climáticas e o aumento da pressão por produtividade e sustentabilidade, estratégias como a fenação tendem a se tornar indispensáveis para a pecuária moderna. Investir em conservação de forragens é uma forma eficaz de blindar a produção contra os riscos climáticos e garantir rentabilidade durante todo o ano. “O feno deixou de ser uma alternativa emergencial, hoje é uma ferramenta de gestão estratégica. O pecuarista que planeja e investe na produção de feno tem mais controle, mais segurança e mais lucro, mesmo nos períodos críticos”, conclui Teixeira.

Sobre a SOESP

Sobre a Sementes Oeste Paulista (SOESP), está sediada em Presidente Prudente (SP) e desde 1985 produz, beneficia, comercializa e desenvolve novas tecnologias, tanto para pecuária como para agricultura de baixo carbono. A empresa desenvolveu a tecnologia Soesp Advanced, que revolucionou o mercado de sementes de pastagem, hoje presente em mais de 20 países. O tratamento tem diversos benefícios no plantio e estabelecimento dos pastos, e se adequa perfeitamente ao sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Siga @sementesoesp no Instagram.

Foto: Divulgação




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