O deputado estadual Manuel Rocha (União Brasil), presidente da Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), afirmou nesta sexta-feira (11) que a decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras causa “profunda preocupação” ao setor agropecuário.
A medida, anunciada pelo presidente americano Donald Trump, deve atingir alimentos como café, carne, suco de laranja e outros produtos agropecuários. A decisão provocou reação de diversas entidades ligadas ao setor agropecuário, que alertaram para os impactos.
“Essa decisão unilateral dos EUA de taxar produtos brasileiros em 50% é extremamente preocupante e pode ter efeitos devastadores sobre o nosso agronegócio. Como já alertaram diversas entidades, essa medida traz insegurança jurídica, prejudica o ambiente de negócios, afeta diretamente a geração de emprego e renda no campo e pode ter um impacto direto sobre a inflação”, afirmou o deputado.
Entidades do setor, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), classificaram a medida como injustificada. A instituição lembra que as relações comerciais entre os dois países sempre foram pautadas por cooperação e equilíbrio e defende o “diálogo incessante e sem condições entre os governos e seus setores privados”.
A nova tarifa americana afetaria diretamente segmentos como café, suco de laranja e carne. Em relação à laranja, por exemplo, os EUA representaram 41,7% das exportações brasileiras do produto na safra 2024/25, somando R$ 7,2 bilhões em faturamento, segundo dados da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), por sua vez, informou que a taxação colocaria o preço da tonelada da carne em cerca de 8.600 dólares, inviabilizando qualquer comercialização para o mercado americano. Sobre o café, o Brasil detém 32% do mercado norte-americano do produto.
Para Rocha, o potencial de prejuízo econômico é enorme. “O setor agropecuário brasileiro opera com altos padrões de produtividade, sustentabilidade e competitividade, e não pode ser penalizado por interesses políticos ou medidas unilaterais. O que está em jogo é o sustento de milhões de famílias, a confiança do mercado internacional e a estabilidade econômica do Brasil”, salientou.
Analistas apontam que a medida pode reduzir em até 0,5 ponto percentual o crescimento do PIB brasileiro em 2025, além de desestabilizar o câmbio e reduzir a competitividade das commodities brasileiras. Diante disso, Rocha destacou que é preciso uma união entre os setores público e privado “para garantir acesso livre e justo aos mercados, revertendo a medida e retomando a relação comercial com os EUA”.
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