O ex-governador da Bahia Paulo Souto comemorou nesta segunda-feira (1º) os 30 anos da implantação do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC), criado em seu primeiro ano de gestão, em 1995. Souto relembrou a inauguração da primeira unidade, no Instituto do Cacau, no Comércio, em Salvador, quando chamou o equipamento de “shopping de serviços públicos”, exatamente no dia 1º de setembro daquele ano.
“Com apenas oito meses de governo, inauguramos a primeira loja do SAC. O primeiro cidadão atendido conseguiu resolver em 20 minutos um problema que o atormentava há seis anos. Aquilo simbolizava o que queríamos: rapidez, eficiência e respeito ao cidadão”, disse o ex-governador, que geriu o Executivo baiano por dois mandatos, entre 1995 e 1998 e entre 2003 e 2006. No interior, as primeiras lojas do SAC foram em Feira de Santana e em Santo Antônio de Jesus.
Nos primeiros 60 dias de funcionamento, o SAC registrou 158 mil pessoas, o que começou a chamar a atenção. Na época, o Ministro da Administração e Reforma do Estado, Luís Carlos Bresser Pereira, visitou o SAC e classificou a iniciativa como “um grande avanço para o serviço público brasileiro”.
O modelo baiano de atendimento virou referência nacional e internacional. Para se ter uma ideia, destaca Souto, em novembro de 1997, dois anos após a criação do serviço, o estado de São Paulo começou a implementar o Poupatempo, inspirado diretamente no SAC. Além disso, foi em sua gestão que nasceu o SAC Móvel, projeto pioneiro de levar os serviços de forma itinerante a diferentes regiões da Bahia.
Além disso, o SAC chegou a receber a visita de Kate Jenkins, consultora internacional que havia integrado o governo de Margaret Thatcher na Inglaterra. Em 1997, também recebeu uma comissão do Governo de Portugal, que pretendia implantar o modelo do SAC em 18 cidades e arquipélagos de Açores e Madeira.
A ONU considerou o SAC um exemplo de serviço público eficiente e ágil. Na época, durante visita a Salvador, o diretor da Divisão de Administração Pública e Gestão de Desenvolvimento da ONU, Guido Bertucci, ressaltou o pioneirismo da iniciativa e chegou a afirmar que a organização estimularia países da Ásia, Leste Europeu, América Latina e África a adotarem modelos semelhantes.
“A ideia era simples, mas revolucionária: dar eficiência, dignidade e respeito ao tempo das pessoas. O sucesso foi tão grande que o SAC se tornou inspiração para programas semelhantes em outros estados e até em outros países. Hoje, ao completar 30 anos, tenho orgulho de saber que esse serviço continua sendo uma referência e que milhões de baianos foram beneficiados por uma iniciativa que nasceu do nosso compromisso em modernizar a gestão pública e aproximar o governo da população”, salientou.
*Politização do SAC* – Souto também lamentou a forma como o governo do Estado, comandado pelo PT há 19 anos, tratou a comemoração da data. Em nota divulgada na última quinta-feira (28), a gestão estadual atual fez diversas comparações com o cenário de 2006, tentando desqualificar os avanços do programa durante sua gestão.
Ele citou três pontos presentes na nota que apontam para essa tentativa de desqualificação. “Primeiro, falam dos avanços tecnológicos. É natural que, passados 19 anos, o SAC tenha avançado tecnologicamente. O que não pode é o governo insinuar que, em 2006, o projeto não era moderno. Desde a inauguração, nós utilizamos o que havia de mais avançado no mundo, tanto que foi reconhecido por diversos organismos nacionais e internacionais, como a ONU”, afirmou Souto.
Outro ponto questionado por ele foi a atribuição da expansão ao modelo Ponto SAC, lançado oficialmente em 2008. “O governo atual tenta vender a ideia de que foi deles a concepção do Ponto SAC. Mas esse formato compacto já estava planejado e registrado no relatório final do meu segundo governo”, destacou.
Souto também pontuou a forma como o governo apresentou os números dos atendimentos realizados. Na própria nota da gestão petista, há a informação de que o SAC registrou, desde sua inauguração, 235 milhões de atendimentos, sendo 143 milhões nos últimos 19 anos.
“Mas quando se faz a média anual, os números mostram que nos primeiros 12 anos foram 92 milhões de atendimentos, ou seja, 7,66 milhões por ano, contra 7,52 milhões anualmente nos governos do PT. Então, em vez de diminuir, deveriam reconhecer que o SAC sempre teve grande desempenho desde a sua criação. É uma lamentável tentativa de reescrever a história”, argumentou.
Para o ex-governador, a tentativa de politizar um serviço tão importante para a população não surpreende diante do histórico do PT. “Na verdade, eu já me acostumei com a tese do PT de que a Bahia foi descoberta em 2007”, ironizou. “O SAC foi, e continua sendo, um marco de cidadania. É triste ver um governo usar um serviço tão importante para tentar descredibilizar adversários. E o pior, fazem isso com um serviço que é do povo da Bahia”, concluiu.
Foto: Jefferson Peixoto/Secom-PMS