A Bahia celebra, nesta quinta-feira (4), uma das festas mais tradicionais do calendário cultural: as homenagens a Santa Bárbara, protetora contra tempestades e trovões, padroeira dos bombeiros e dos mercados. A data transforma o Pelourinho em um grande cenário de fé e ancestralidade, com a cor vermelha em todos os cantos do Centro Histórico.
A festa, organizada pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, conta com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) por meio do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), em uma atuação que preserva e fortalece a celebração reconhecida como Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2008.
A tradição que atravessa séculos, neste ano, tem como tema: “Com Santa Bárbara, de fronte erguida e rosto sereno, testemunhamos Jesus Cristo, nossa Esperança”. Para o padre Lázaro Muniz, da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, as celebrações serão marcadas por rituais que renovam o significado de fé, coragem e esperança.
“A festa de Santa Bárbara revela, sobretudo, a dimensão da espiritualidade que marca a vida de muitas pessoas. E isso independe da idade, gênero e até mesmo da religião. Graças a Deus contamos com o apoio irrestrito e valioso do Governo do Estado, que põe a mão nesse processo necessário à realização da festa na igreja e nos largos”, ressalta o padre.
FESTEJOS – A programação religiosa mantém o rigor e a beleza da tradição. Às 6h, a Alvorada de Fogos anuncia o início das celebrações. Às 7h, a Salva dos Clarins ecoa das sacadas do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), abrindo oficialmente o festejo.
Às 8h, a Santa Missa campal reúne fiéis no Largo do Pelourinho. A cerimônia é marcada por pedidos, agradecimentos e devoção que refletem a força do tema deste ano, convidando os presentes a caminhar com confiança e serenidade.
Após a missa, inicia-se a tradicional procissão, que percorre as ruas Gregório de Mattos, João de Deus, Terreiro de Jesus, Praça da Sé e Ladeira da Praça. Na chegada ao Corpo de Bombeiros, no bairro da Barroquinha, o cortejo faz uma parada para homenagear a corporação, que tem Santa Bárbara como padroeira. De lá, segue pela Baixa dos Sapateiros, Rua Padre Agostinho e retorna ao Pelourinho, encerrando na Igreja do Rosário dos Pretos.
“Mais do que um momento de fé, a festa de Santa Bárbara representa resistência, ancestralidade e cuidado comunitário. Há séculos, na Baixa dos Sapateiros, reunimos devotos, irmãs e irmãos, comerciantes, trabalhadores e famílias em um encontro marcado pela proteção, solidariedade e devoção à santa guerreira. Preservar estes ritos, símbolos e tradições é honrar nossos antepassados negros, que ergueram esta irmandade, mantiveram a espiritualidade viva e consolidaram uma herança que é referência cultural e expressão identitária do povo baiano”, declarou William Justo, Prior da Irmandade dos Homens Pretos e Mulheres Pretas da Igreja do Rosário dos Pretos.
Após o encerramento das homenagens na Igreja do Rosário dos Pretos, a celebração segue pelos quatro largos do Pelourinho, onde acontecem nove shows que dão continuidade às reverências à santa. No período da tarde, rodas de samba, grupos tradicionais e artistas da cena afro-baiana mantêm viva a energia devocional, unindo fé, música e ancestralidade.
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO CULTURAL GRATUITA:
Largo do Pelourinho
13h30 – Abertura: Jorginho Commancheiro e Banda (pocket)
14h30 – Ana Paula Albuquerque
16h30 – Juliana Ribeiro (part. Gal do Beco)
19h – Samba de Oyá
21h – Encerramento
Largo Pedro Archanjo
12h30 às 13h30 – Pagode do Carvalho
13h30 às 20h – O Pretinho & Convidados – Eparrey Oyá
Largo Quincas Berro D’Água
17h às 20h – Tonho Matéria
Largo Tereza Batista
15h às 20h – Ensaio do Fogueirão – Festa de Oyá
Encontro de grupos de samba e sambas juninos
Foto: Divulgação
