A ideia de liderança nacional pressupõe autonomia, coragem polÃtica e capacidade de tomar decisões que transcendam lealdades pessoais. Um presidente da República não pode ser refém de grupos familiares nem agir sob tutela polÃtica permanente. É justamente sob esse critério que se constrói a crÃtica à postura adotada por TarcÃsio de Freitas e à frustração das expectativas que se formaram em torno de seu nome.
Quando assumiu projeção nacional, TarcÃsio foi visto como um quadro técnico capaz de combinar eficiência administrativa e visão estratégica. Sua atuação no Ministério da Infraestrutura alimentou a crença de que o Brasil poderia contar com um gestor preparado para enfrentar gargalos históricos. No entanto, a evolução de sua trajetória polÃtica revelou um desalinhamento entre a imagem inicial e a prática concreta. A autonomia esperada cedeu espaço a um comportamento de dependência em relação à famÃlia Bolsonaro.
Essa relação ultrapassa os limites da gratidão polÃtica. Reconhecer apoios passados é legÃtimo, mas transformar esse reconhecimento em submissão expõe fragilidade. No campo da liderança nacional, a incapacidade de impor limites a aliados revela insegurança e ausência de firmeza. Um chefe de Estado não pode se curvar a impulsos desmedidos nem aceitar ser conduzido por interesses que desconsideram o equilÃbrio institucional.
A crÃtica se intensifica quando se observa a atuação da famÃlia Bolsonaro no cenário internacional. Episódios recentes, como iniciativas pessoais que buscaram desacreditar o paÃs no exterior, são apontados como demonstrações claras de irresponsabilidade polÃtica. A tentativa de mobilizar pressões externas contra o próprio Brasil não apenas fracassou, como evidenciou o isolamento e a irrelevância dessa estratégia. Nenhuma potência global negocia assuntos de Estado com personagens movidos por radicalismo e desinformação.
Nesse contexto, a postura de TarcÃsio é interpretada como incompatÃvel com uma candidatura presidencial imediata. Ao manter-se atrelado a esse núcleo polÃtico, ele compromete sua credibilidade como lÃder nacional. O caminho mais sensato é concluir seu mandato, reconstruir sua autonomia e adiar ambições maiores para 2030. Somente distante dessa influência será possÃvel apresentar-se como um projeto próprio, sólido e verdadeiramente nacional.
Eustáquio Praxedes é jornalista.
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