O verdadeiro lÃder deixa o caminho iluminado mesmo quando se vai. Não cria dependências. Ele tem consciência da fugacidade da vida. Por isso, semeia princÃpios que fundamentam a continuidade de sua obra.
Não à toa a Promédica, uma iniciativa do gênio criador do Dr. Jorge Valente, é uma das poucas marcas originalmente baiana com mais de 50 anos em atividade.
Sob a sua liderança, há 56 anos surgia a primeira operadora de planos de saúde do Norte-Nordeste. Uma atividade pioneira que deu certo.
O projeto do médico Jorge Valente era seguir os passos do pai e do avô. Foi assim que depois de formado, tornou-se professor universitário. Chegou a lecionar na Universidade Federal da Bahia (Ufba) por 18 anos, como professor adjunto de Urologia. Mas o golpe militar de 1964 alterou-lhe o rumo profissional.
Desencantado com as mudanças instituÃdas no ensino superior pelos militares, Valente desistiu da carreira no magistério. Preferiu apostar num nicho que surgia na área de saúde nos anos 60: a medicina de grupo. Deixou as salas de aula e virou empresário.
Na liderança de outros colegas também incomodados com a situação da universidade brasileira sob a tutela militar, Valente criou a primeira empresa de medicina de grupo do Norte e Nordeste: a Promédica, em 1969.
Seu objetivo era aproveitar a insatisfação das empresas e dos trabalhadores com o serviço do INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), criado pelos militares em substituição aos antigos institutos de previdência e assistência à saúde de categorias, como os bancários (IAPB) e industriários (IAPI).
A transformação do médico e professor em empresário não foi fácil. Ele passou os primeiros anos aprendendo a administrar as finanças da empresa, de forma empÃrica e tomando cursos. De 1969 a 1973, viajou muito para assimilar as experiências em outros lugares e fazer cursos.
A formação médica foi decisiva para o êxito de Jorge Valente como empresário na área de saúde. O setor exige sensibilidade social, e isso ele desenvolveu com a prática médica. Apesar dos preconceitos de grande parte da classe médica na época com o novo negócio, o lançamento de planos de saúde deu certo.
Em 1976, a Promédica já tinha capital suficiente para construir seu próprio hospital. Dr. Jorge Valente dizia que a estratégia para a empresa sobreviver era investir em estruturas próprias de atendimento e sempre aplicar os lucros no próprio negócio.
Apesar do falecimento do fundador em 2003, o Grupo Promédica não sofreu solução de continuidade. Um processo de reestruturação da empresa foi implementado e deu autonomia para que o corpo diretivo, composto por três executivos, tivesse plena autonomia na administração dos negócios, que resultou na sobrevivência do negócio por mais de meio século num mercado bastante competitivo e de aquisições e fusões. Prevaleceu o gênio de Dr. Jorge.
Pacheco Maia é jornalista.
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